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Fêmeas de saguis usam cheiro
para impedir gravidez de rivais
do enviado especial a Natal
Um grupo de saguis "punks"
deu algumas lições sobre sexo para cientistas, o que poderá, no futuro, auxiliar algumas mulheres
estéreis a ter filhos e também ajudar no tratamento de uma doença
dos ossos, a osteoporose.
O termo "punk" foi usado pelo
cientista britânico David Abbott
para se referir aos saguis da espécie Callithrix jacchus de seu laboratório. Eles tiveram seus tufos de
pêlos claros pintados para melhor
identificação -marrom e azul para os machos, cor-de-rosa e verde
para as fêmeas.
Abbott e seus colegas da Universidade de Wisconsin, nos EUA,
mostraram como as fêmeas dominantes de um grupo de saguis conseguem impedir que as fêmeas
mais submissas na escala social
ovulassem e tivessem filhotes.
Agora os pesquisadores norte-americanos estão tentando descobrir o mecanismo bioquímico que
faz isso acontecer. O conhecimento desse mecanismo poderá auxiliar mulheres com distúrbios hormonais e incapazes de ter filhos.
Curiosamente, essas fêmeas submissas têm uma diminuição de
certos hormônios no sangue, o
que deveria causar a osteoporose
(rarefação anormal dos ossos),
mas não é isso que acontece. Descobrir o porquê poderá auxiliar no
tratamento dessa doença.
Embora a pesquisa com os saguis não possa ser extrapolada diretamente para a sociedade humana, segundo Abbott, o comportamento sexual dos saguis têm mais
pontos em comum com o dos seres humanos do que com o dos
chimpanzés -apesar de os macacos africanos serem geneticamente mais próximos do homem.
"Nós também vivemos em jaulas", brinca Abbott. Já foi provado que mulheres vivendo juntas
tendem a sincronizar seus ciclos
menstruais e, em determinadas
sociedades humanas, algumas
mulheres "dominantes" têm
uma inclinação a ter mais filhos.
Os saguis, animais típicos da
mata atlântica da região Nordeste
do país, vivem em grupos de seis a
oito indivíduos, mas que podem
chegar a 15.
Uma fêmea dominante praticamente monopoliza a atenção dos
machos. De acordo com o pesquisador, ela age como se fosse uma
"sagui-rainha", da mesma maneira que acontece com a sociedade das abelhas.
Para reforçar essa idéia, Abbott
mostrou a montagem de um slide
de um sagui com a cara da ex-primeira-ministra britânica Margareth Thatcher, a "dama de ferro".
O grupo de saguis coopera em
tarefas como a criação dos filhotes
ou a vigilância contra predadores.
Para poder usufruir dessas vantagens, as fêmeas subordinadas pagam o preço da menor frequência
na reprodução.
Os saguis têm um cheiro bem característico. A fêmea desse animal
utiliza a secreção de uma glândula
para anunciar seu status social,
que também influencia as fêmeas
subordinadas.
Nas pesquisas de Abbott, foi demonstrado que a presença desse
cheiro e até o mero contato visual
com a fêmea dominante serviram
para bloquear a ovulação das subordinadas -levaram 30 dias em
vez de cinco para ovular.
Em contrapartida, o mesmo
cheiro de uma fêmea dominante
desconhecida -que pertencia a
um outro bando de saguis- foi
incapaz de gerar o mesmo efeito.
Segundo Abbott, "não se trata
de um feromônio (hormônio ligado à atração sexual), mas sim de
uma substância ligada à sinalização social".
(RBN)
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