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POLÍCIA
Distribuição seria apenas para tratamento clínico; secretário Antidrogas diz que governo não irá liberar uso da maconha
Governo analisa uso controlado de drogas
da Sucursal de Brasília
O uso controlado de drogas no
tratamento clínico dos dependentes químicos no país será uma das
propostas analisadas pela Secretaria Nacional Antidrogas e apresentada ao Ministério da Saúde. O
programa já existe na Suíça e na
Itália.
O governo deixou claro que essa
proposta limita-se aos tratamentos de saúde e não admite nem a
descriminação das drogas nem a
distribuição para dependentes.
A idéia do uso controlado em
tratamentos clínicos foi defendida
pelo secretário nacional Antidrogas, Wálter Fanganiello Maierovitch, com apoio do ministro-chefe da Casa Militar, general Alberto
Cardoso, durante reunião com 25
presidentes de conselhos estaduais
de entorpecentes no Palácio do
Planalto.
Cardoso e Maierovitch se baseiam no resultado obtido pelo governo suíço, que por meio do uso
controlado de drogas em tratamentos de saúde, teria recuperado
82 dependentes de um grupo de
114. "O Estado tem a responsabilidade de colocar o que existe de
mais atual para que a sociedade civil discuta", disse Maierovitch,
após afirmar que a secretaria está
aberta a sugestões por meio da Internet (no seguinte endereço:
SENAD@planalto.gov.br).
Cardoso disse ter conhecido
uma experiência semelhante à
aplicada na Suíça, em Barbacena
(MG), mas com alcoólatras. Segundo ele, nessa clínica mineira, o
médico controla a quantidade de
bebida alcoólica a ser dada ao paciente, que ocorre com horários
marcados. A dose de bebida diminui aos poucos, até chegar a zero.
"No dia em que eu estive lá, o
médico acabou se atrasando para
dar a dose da bebida aos pacientes,
quando ele chegou, ouviu de um
deles: "Doutor, hora é hora', em
tom de repreensão porque havia
demorado", disse o general. Na
opinião dele, o tratamento deve
ser analisado como um meio possível de curar a dependência.
Maierovitch disse que o objetivo
da secretaria é apresentar propostas para o tratamento dos dependentes, mas a decisão final caberá
ao Ministério da Saúde. A adoção
desse tratamento clínico não admite a possibilidade de o governo
vir a descriminar (absolver de crime) o uso de drogas no país. A
descriminação foi descartada por
Cardoso.
"O governo não estuda de forma nenhuma a descriminação das
drogas", disse o general. Segundo
o general, ao autorizar a descriminação da droga poderá aumentar
o número de usuários no país. Citou como exemplo a maconha,
que na opinião dele, é "a porta de
entrada do vício". Por essa razão,
Maierovitch descartou também a
possibilidade de o governo vir a
distribuir drogas para os dependentes, como ocorre em alguns
países europeus.
(RENATA GIRALDI)
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