O DJ e promoter Alexandre Bispo (à dir), da Torre do Dr. Zero, diz que agora sai sem saber quando vai se divertir de novo

ANTONINA LEMOS

da Reportagem Local

"Será que vai fechar?" Essa virou a pergunta mais comum nas mesas dos bares de São Paulo. Sem entender nada do que está acontecendo em relação à lei dos bares, o paulistano passou a sair à noite como se fosse para uma aventura -mas bem planejada.
Quem vai a um bar fica aliviado ao encontrar o lugar aberto. Mesmo depois de começar a beber, já cria uma estratégia sobre o que fazer para continuar se divertindo caso o bar tenha que fechar à 1h.
"Vim para cá na cara e na coragem. Não sabia se ia encontrar o bar aberto", disse o corretor de seguros Márcio Vitkunas, 21, enquanto bebia no bar El Kabong, na Vila Madalena, zona oeste, na madrugada de ontem.
Na dúvida sobre o horário de fechamento, Vitkunas "tratou de sentar e tomar todas". "Comecei a beber logo para já estar bem se o bar fechasse." A dúvida, segundo ele, "só deu vontade de beber mais."
O estudante Daniel Sorranga, 19, saiu de casa com a noite toda planejada. À meia-noite, ele estava com amigos no bar Copo a Copo, em Pinheiros, zona oeste. "Estarei aqui até a 1h. Se fechar, vou para o Forró. Em último caso, compro cerveja e vou para casa."
O DJ e promoter Alexandre Bispo, 25, da Torre do Dr Zero, também na Mourato Coelho, disse que saiu "com a paranóia de que essa poderia ser a sua última noite de diversão." "Hoje tudo está funcionando normalmente, mas não sei como vai ser na semana que vem." Caso a lei dos bares passe a vigorar sem contestações, Bispo acha que a solução vai ser "sair mais cedo, ficar bêbado e ir para casa dormir."
O vendedor Alexandre Souza, 24, que estava na Torre do Dr. Zero com as amigas Elaine Cassetti e Patrícia Griene, se preocupava com o futuro. "Estou aqui numa boa, mas não sei se poderei fazer o mesmo na semana que vem", disse. "Se a lei funcionar, a solução vai ser sair depois das 6h."
O VJ da MTV Fábio Massari, 34, bebia na madrugada de ontem no bar Matrix, na rua Aspicuelta, na Vila Madalena, com o apresentador Gastão Moreira, 32. Para Massari, a lei não vai impedir ninguém de beber.
"Estive na Islândia há pouco tempo. Lá eles só servem bebida alcóolica até as 3h. O resultado é que às 2h55 já está todo mundo bêbado. Acho que, se a lei pegar, aqui vai acontecer o mesmo. As pessoas vão ficar bêbadas antes."
A fotógrafa Giovana Beduque, 24, pensa o mesmo. Ela estava na madrugada de ontem com três amigas no Matrix. "A vida do paulistano não combina com sair cedo", disse. Antes de sair, ela disse que consultou os jornais e ligou para as amigas contando que os bares estariam abertos.


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