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TRÂNSITO
Sem margem de tolerância de 10 km/h adotada pela CET para radares, número de autuações poderia subir 800%
Paulistanos andam no limite da multa
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se não houvesse a margem de
tolerância de 10 km/h nos radares
fixos de fiscalização da velocidade
em São Paulo, a quantidade de
multas poderia subir até 800%.
Essa informação, levantada pela
Folha a partir de estatísticas da
CET (Companhia de Engenharia
de Tráfego), indica que os paulistanos estão acostumados com esse "erro" proposital da aferição e
costumam andar "no limite".
Em maio, 40 equipamentos fotográficos detectaram 1,77 milhão
de veículos ultrapassando a velocidade indicada pela sinalização
-mas apenas 196 mil (11%) também ficaram acima da tolerância,
estando sujeitos a multa. Ou seja,
1,57 milhão (30% da frota da cidade) escapou "raspando".
A adoção da tolerância é obrigatória pelas leis de trânsito e pelas
normas do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). Ela
deve ser de, no mínimo, 7 km/h
(para até 100 km/h) ou 7% (para
acima de 100 km/h). A CET adota
uma margem de 10 km/h para os
radares e de 7 km/h para as lombadas eletrônicas.
A existência da tolerância visa
evitar injustiças e erros em razão
de possíveis imprecisões dos aparelhos e dos velocímetros dos carros. A Abramcet (associação que
reúne operadoras de radares) diz
que, nos equipamentos usados
em São Paulo, essas diferenças, na
prática, não atingem nem 1 km/h.
De 1997 até os primeiros meses
de 2001, a CET adotava taxas de
tolerância de 15 km/h a 20 km/h
para os radares. No terceiro mês
da administração Marta Suplicy
(PT), houve a redução da margem
para 10 km/h. Essa medida não foi
divulgada aos motoristas e levou
ao aumento drástico nas multas.
Em 2000, houve 639 mil autuações por excesso de velocidade.
Em 2001, 1,2 milhão.
O fato de muitos motoristas andarem "no limite" do permitido
nas grandes avenidas não significa riscos à segurança no trânsito,
na avaliação de Luiz de Carvalho
Montans, engenheiro da CET.
"Esse cara está atento às placas e
se controlando para não exceder.
Os riscos de acidente são para as
diferenças maiores, daqueles que
são chamados de voadores", afirma Montans, em referência a veículos que rodam com velocidade
que excede os limites permitidos
em 25 km/h ou mais.
A implantação dos radares é
apontada por especialistas como
a principal justificativa para a redução de 33% nas mortes no trânsito de São Paulo -de 2.042, em
1997, para 1.370, em 2002.
Um ranking elaborado pela reportagem aponta as vias que lideram os índices de desobediência à
sinalização. Na avenida Braz Leme (zona norte), por exemplo,
10,56% dos veículos ainda passam
acima da velocidade de 60 km/h
regulamentada nas placas.
Além dos 40 radares fixos, a capital paulista também tem hoje 98
lombadas eletrônicas e oito radares móveis -que voltaram às
ruas na semana retrasada.
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