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São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2003

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TRÂNSITO

Sem margem de tolerância de 10 km/h adotada pela CET para radares, número de autuações poderia subir 800%

Paulistanos andam no limite da multa

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se não houvesse a margem de tolerância de 10 km/h nos radares fixos de fiscalização da velocidade em São Paulo, a quantidade de multas poderia subir até 800%.
Essa informação, levantada pela Folha a partir de estatísticas da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), indica que os paulistanos estão acostumados com esse "erro" proposital da aferição e costumam andar "no limite".
Em maio, 40 equipamentos fotográficos detectaram 1,77 milhão de veículos ultrapassando a velocidade indicada pela sinalização -mas apenas 196 mil (11%) também ficaram acima da tolerância, estando sujeitos a multa. Ou seja, 1,57 milhão (30% da frota da cidade) escapou "raspando".
A adoção da tolerância é obrigatória pelas leis de trânsito e pelas normas do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). Ela deve ser de, no mínimo, 7 km/h (para até 100 km/h) ou 7% (para acima de 100 km/h). A CET adota uma margem de 10 km/h para os radares e de 7 km/h para as lombadas eletrônicas.
A existência da tolerância visa evitar injustiças e erros em razão de possíveis imprecisões dos aparelhos e dos velocímetros dos carros. A Abramcet (associação que reúne operadoras de radares) diz que, nos equipamentos usados em São Paulo, essas diferenças, na prática, não atingem nem 1 km/h.
De 1997 até os primeiros meses de 2001, a CET adotava taxas de tolerância de 15 km/h a 20 km/h para os radares. No terceiro mês da administração Marta Suplicy (PT), houve a redução da margem para 10 km/h. Essa medida não foi divulgada aos motoristas e levou ao aumento drástico nas multas. Em 2000, houve 639 mil autuações por excesso de velocidade. Em 2001, 1,2 milhão.
O fato de muitos motoristas andarem "no limite" do permitido nas grandes avenidas não significa riscos à segurança no trânsito, na avaliação de Luiz de Carvalho Montans, engenheiro da CET.
"Esse cara está atento às placas e se controlando para não exceder. Os riscos de acidente são para as diferenças maiores, daqueles que são chamados de voadores", afirma Montans, em referência a veículos que rodam com velocidade que excede os limites permitidos em 25 km/h ou mais.
A implantação dos radares é apontada por especialistas como a principal justificativa para a redução de 33% nas mortes no trânsito de São Paulo -de 2.042, em 1997, para 1.370, em 2002.
Um ranking elaborado pela reportagem aponta as vias que lideram os índices de desobediência à sinalização. Na avenida Braz Leme (zona norte), por exemplo, 10,56% dos veículos ainda passam acima da velocidade de 60 km/h regulamentada nas placas.
Além dos 40 radares fixos, a capital paulista também tem hoje 98 lombadas eletrônicas e oito radares móveis -que voltaram às ruas na semana retrasada.


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