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TRÂNSITO
Na avenida Imirim, aparelho flagra 3,34% dos carros acima do limite de velocidade e 1,17% acima da margem de tolerância
Lombada que mais multa fica perto de escola
DA REPORTAGEM LOCAL
O desrespeito à velocidade no
trânsito de São Paulo está perto de
escolas e de descidas íngremes
-mas bem sinalizadas. Ele também prevalece em grandes avenidas cujo limite de 60 km/h é considerado baixo por motoristas.
Esses perfis se referem a quatro
vias da capital paulista monitorados por radares fixos e lombadas
eletrônicas e que lideram os índices de desobediência à sinalização, conforme levantamento da
Folha a partir de estatísticas da
CET de maio de 2003.
Entre as 98 lombadas eletrônicas de São Paulo, a da avenida
Imirim (Cachoeirinha, zona norte), ao lado de um colégio particular, é a que teve a maior proporção de desrespeito à velocidade:
3,34% dos 80 mil veículos que
passaram por ali, num só sentido
(bairro-centro), superaram os 40
km/h da sinalização e 1,17% ficaram acima até mesmo da margem
de tolerância de 7 km/h adotada
para esses aparelhos fotográficos,
estando sujeitos a multa.
A segunda posição é da avenida
Presidente Altino (Jaguaré, zona
oeste), ao lado de uma escola estadual para crianças de 6 a 12 anos:
2,88% dos veículos ficaram acima
da sinalização e 1,02% superaram
os 47 km/h tolerados.
Essas duas áreas ficam perto de
fortes declives. As placas apontam
a velocidade máxima de 40 km/h
e ainda alertam sobre a presença
dos equipamentos. A lombada da
Presidente Altino foi instalada em
novembro de 2002. A da Imirim,
em fevereiro deste ano. Nos dois
casos, a reclamação sobre os acidentes era generalizada.
"Tivemos dois estudantes atropelados e que ficaram em coma",
afirma Hilda Cabral Vicente, 43,
funcionária da escola estadual
Henrique Dumont Villares, do Jaguaré, onde estudam mil alunos.
"Muitos ainda não respeitam.
Há carros que dão aquela freada
brusca e depois voltam a acelerar", diz Oribe Custódio Dias, 45,
porteiro do colégio Vip, na Cachoeirinha, que tem 550 alunos da
pré-escola ao ensino médio.
As lombadas eletrônicas costumam ser instaladas onde são necessárias reduções drásticas de
velocidade -perto de hospitais,
conjuntos residenciais e escolas.
A quantidade desses aparelhos
mais que triplicou de um ano para
cá -subiu de 30 para 98.
"Esses índices de 1% ou 2% parecem pequenos, mas deveriam
ser menores, abaixo de 0,5%. O
motorista que passa acima da velocidade nessas áreas representa
um risco muito grande de atropelamento", afirma Luiz de Carvalho Montans, da CET. "Mas a tendência é reduzir, já que muitos
pontos são novos, os motoristas
ainda não se acostumaram", diz
Max Ernani de Paula, que também é engenheiro da empresa.
Um estudo internacional divulgado pela CET há três anos aponta que os pedestres costumam sobreviver a impactos de até 30
km/h. Os veículos a 40 km/h matam 15% dos atropelados. A 60
km/h, esse percentual atinge 70%.
Radares
Das vias paulistanas fiscalizadas
por 40 radares fixos, a avenida
Raimundo Pereira de Magalhães,
na região de Perus (zona norte),
perto do Rodoanel, é a que concentra a maior proporção de potenciais infratores. O limite de velocidade é de 60 km/h -marca
superada por 9,56% dos veículos,
sendo que 2,08% superam os 70
km da tolerância (que, para os radares, é de 10 km/h).
Na avenida Braz Leme, na zona
norte, esses índices são de 10,56%
e 0,99%, respectivamente. As placas apontam velocidade máxima
de 60 km/h -mas vias de porte
semelhante (com ao menos três
faixas e canteiro central) têm limites de até 70 km/h. Segundo Montans, a última revisão das velocidades foi feita há cinco anos.
"O radar é um recurso válido
para fazer a fiscalização da velocidade desde que seja bem utilizado. É preciso haver critérios adequados de fixação do limite de velocidade. Senão vira armadilha",
afirma Roberto Scaringella, especialista que foi fundador da CET.
Os radares fixos, menos ostensivos que as lombadas eletrônicas,
visam barrar os veículos "voadores". Embora tenham esse nome,
apenas as estruturas metálicas
que os sustentam são fixas -há
120 delas, nas quais os aparelhos
fazem revezamento.
Os equipamentos da Raimundo
Pereira de Magalhães e da Braz
Leme ficam em pistas retas e bem
sinalizadas. O primeiro deles não
costuma ser notado por motoristas devido à presença de árvores
--situação que não é condenada por Scaringella. "O infrator
quer saber onde há radar para respeitar a sinalização 50 metros antes e desrespeitá-la 50 metros depois. A lei deve ser cumprida não
só na presença da fiscalização",
diz.
(ALENCAR IZIDORO)
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