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São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2003

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TRÂNSITO

Na avenida Imirim, aparelho flagra 3,34% dos carros acima do limite de velocidade e 1,17% acima da margem de tolerância

Lombada que mais multa fica perto de escola

DA REPORTAGEM LOCAL

O desrespeito à velocidade no trânsito de São Paulo está perto de escolas e de descidas íngremes -mas bem sinalizadas. Ele também prevalece em grandes avenidas cujo limite de 60 km/h é considerado baixo por motoristas.
Esses perfis se referem a quatro vias da capital paulista monitorados por radares fixos e lombadas eletrônicas e que lideram os índices de desobediência à sinalização, conforme levantamento da Folha a partir de estatísticas da CET de maio de 2003.
Entre as 98 lombadas eletrônicas de São Paulo, a da avenida Imirim (Cachoeirinha, zona norte), ao lado de um colégio particular, é a que teve a maior proporção de desrespeito à velocidade: 3,34% dos 80 mil veículos que passaram por ali, num só sentido (bairro-centro), superaram os 40 km/h da sinalização e 1,17% ficaram acima até mesmo da margem de tolerância de 7 km/h adotada para esses aparelhos fotográficos, estando sujeitos a multa.
A segunda posição é da avenida Presidente Altino (Jaguaré, zona oeste), ao lado de uma escola estadual para crianças de 6 a 12 anos: 2,88% dos veículos ficaram acima da sinalização e 1,02% superaram os 47 km/h tolerados.
Essas duas áreas ficam perto de fortes declives. As placas apontam a velocidade máxima de 40 km/h e ainda alertam sobre a presença dos equipamentos. A lombada da Presidente Altino foi instalada em novembro de 2002. A da Imirim, em fevereiro deste ano. Nos dois casos, a reclamação sobre os acidentes era generalizada.
"Tivemos dois estudantes atropelados e que ficaram em coma", afirma Hilda Cabral Vicente, 43, funcionária da escola estadual Henrique Dumont Villares, do Jaguaré, onde estudam mil alunos.
"Muitos ainda não respeitam. Há carros que dão aquela freada brusca e depois voltam a acelerar", diz Oribe Custódio Dias, 45, porteiro do colégio Vip, na Cachoeirinha, que tem 550 alunos da pré-escola ao ensino médio.
As lombadas eletrônicas costumam ser instaladas onde são necessárias reduções drásticas de velocidade -perto de hospitais, conjuntos residenciais e escolas. A quantidade desses aparelhos mais que triplicou de um ano para cá -subiu de 30 para 98.
"Esses índices de 1% ou 2% parecem pequenos, mas deveriam ser menores, abaixo de 0,5%. O motorista que passa acima da velocidade nessas áreas representa um risco muito grande de atropelamento", afirma Luiz de Carvalho Montans, da CET. "Mas a tendência é reduzir, já que muitos pontos são novos, os motoristas ainda não se acostumaram", diz Max Ernani de Paula, que também é engenheiro da empresa.
Um estudo internacional divulgado pela CET há três anos aponta que os pedestres costumam sobreviver a impactos de até 30 km/h. Os veículos a 40 km/h matam 15% dos atropelados. A 60 km/h, esse percentual atinge 70%.

Radares
Das vias paulistanas fiscalizadas por 40 radares fixos, a avenida Raimundo Pereira de Magalhães, na região de Perus (zona norte), perto do Rodoanel, é a que concentra a maior proporção de potenciais infratores. O limite de velocidade é de 60 km/h -marca superada por 9,56% dos veículos, sendo que 2,08% superam os 70 km da tolerância (que, para os radares, é de 10 km/h).
Na avenida Braz Leme, na zona norte, esses índices são de 10,56% e 0,99%, respectivamente. As placas apontam velocidade máxima de 60 km/h -mas vias de porte semelhante (com ao menos três faixas e canteiro central) têm limites de até 70 km/h. Segundo Montans, a última revisão das velocidades foi feita há cinco anos.
"O radar é um recurso válido para fazer a fiscalização da velocidade desde que seja bem utilizado. É preciso haver critérios adequados de fixação do limite de velocidade. Senão vira armadilha", afirma Roberto Scaringella, especialista que foi fundador da CET.
Os radares fixos, menos ostensivos que as lombadas eletrônicas, visam barrar os veículos "voadores". Embora tenham esse nome, apenas as estruturas metálicas que os sustentam são fixas -há 120 delas, nas quais os aparelhos fazem revezamento.
Os equipamentos da Raimundo Pereira de Magalhães e da Braz Leme ficam em pistas retas e bem sinalizadas. O primeiro deles não costuma ser notado por motoristas devido à presença de árvores --situação que não é condenada por Scaringella. "O infrator quer saber onde há radar para respeitar a sinalização 50 metros antes e desrespeitá-la 50 metros depois. A lei deve ser cumprida não só na presença da fiscalização", diz. (ALENCAR IZIDORO)


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