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TRANSPLANTES
Convênio entre companhias aéreas e o Ministério da Saúde deverá diminuir custos e dar mais agilidade ao sistema
Acordo prevê transporte gratuito de órgãos
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um convênio entre as principais companhias aéreas do país e
o Ministério da Saúde vai permitir
que órgãos doados sejam transportados gratuitamente em vôos
comerciais.
O funcionário do centro de
transplantes responsável pelo
transporte do órgão terá prioridade na lista de espera das companhias. "O custo vai ser menor e o
serviço mais ágil", afirmou ontem
a médica Rosana Reis Nothen,
coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde, durante o lançamento da 2ª Campanha Nacional
de Doação de Órgãos.
A maioria dos transportes de
órgãos conta com o apoio de aeronaves dos governos estaduais
ou da FAB (Força Aérea Brasileira), o que representa maior custo
e tempo de mobilização.
No entanto Rosana disse que,
em algumas ocasiões, companhias aéreas permitiram o transporte de órgãos em seus vôos,
mas em "caráter informal".
O maior problema, nesses casos, é a responsabilidade da empresa no transporte.
O Código Brasileiro Aeronáutico prevê que a companhia é responsável pelo que transporta.
"E se o avião não puder pousar
por causa do tempo e o órgão for
perdido? Não é justo culpar a empresa por isso", disse Rosana.
A solução está sendo estudada
pelo Departamento Jurídico do
Ministério da Saúde. O Sindicato
Nacional das Empresas Aéreas vai
encaminhar nesta semana uma
proposta que isenta as companhias da responsabilidade pelo
transporte.
A Folha apurou que deve ser
encaminhada uma proposta de
emenda do governo ao Congresso
Nacional para alterar o Código
Brasileiro Aeronáutico.
Além de diminuir o custo, a
possibilidade de usar vôos comerciais para transportar órgãos dará
mais agilidade ao sistema, segundo Rosana.
Esse convênio vai facilitar o funcionamento da central de transplantes, implantada pelo Ministério da Saúde no mês passado, e
permitir o maior aproveitamento
dos órgãos doados.
De acordo com dados da ABTO
(Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), o Brasil aproveitou no ano passado apenas
30% dos órgãos de doadores em
potencial (pessoas que se declaram doadoras). Em 1998, foram
aproveitados 32,6%.
Aumento
Segundo a associação, o Brasil
registrou 3.399 transplantes no
primeiro semestre deste ano, 15%
a mais do que no mesmo período
de 1999.
A perspectiva é que, até o final
do ano, sejam 7.200 transplantes,
20% a mais do que em 1999.
Mesmo com o crescimento do
número de transplantes, ainda
existe hoje no país uma lista de 30
mil pacientes que estão à espera
de um doador, segundo dados da
associação.
"Um terço dos possíveis doadores é perdido por causa da resistência da família", afirmou o presidente da ABTO, Henry de Holanda Campos, que lançou ontem
a 2ª Campanha Nacional de Doação de Órgãos.
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