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AMBIENTE
Lixão de Gramacho, localizado em Duque de Caxias, está perto da saturação e projeto de novo aterro foi abandonado
Em 3 anos, Rio deve ficar sem área para lixo
ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO
O destino da maior parte do lixo
da região metropolitana do Rio
está indefinido. O lixão de Gramacho, que recebe cerca de 10 mil
toneladas de detritos por dia, está
próximo da saturação e os planos
para instalar um novo aterro em
Saracuruna foram abandonados,
depois da pressão de ambientalistas e moradores.
Gramacho e Saracuruna ficam
em Duque de Caxias, cidade da
região metropolitana localizada a
20 quilômetros do centro do Rio.
O município do Rio contribui
com 80% do lixo depositado no lixão da cidade vizinha, implantado em 1977.
Estudos realizados por técnicos
da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio)
apontam que o local só tem mais
três anos de vida útil.
Uma alternativa que estava sendo estudada no próprio município carioca, de construção de um
novo aterro no bairro de Paciência, não saiu do papel.
Em Bangu, os moradores prepararam protestos para fechar o
depósito que funciona atualmente no local. Os dois bairros ficam
na zona oeste do Rio.
Projeto
O projeto para construir o novo
aterro em Saracuruna surgiu em
1999 e ganhou fôlego no ano passado, quando o Ministério do
Meio Ambiente prometeu repassar para as prefeituras da região
parte de uma multa de R$ 51 milhões aplicada contra a Petrobras.
A estatal foi punida por ter poluído a baía de Guanabara com o
derramamento de 1,3 milhão de
litros de óleo, em janeiro de 2000.
Os opositores da construção do
novo aterro argumentam que o
dinheiro da multa iria acabar servindo para agredir novamente a
baía, que forma o litoral de Saracuruna. A área, próxima do rio
Estrela, é composta por regiões de
mangue, que são protegidas por
legislação federal.
Em agosto, o prefeito de Duque
de Caxias, José Camilo Zito dos
Santos, compareceu a uma reunião com moradores da região e,
depois de ter sido vaiado, negou
que o projeto de construção do
aterro vá ser executado. Pelo convênio firmado com o ministério, a
prefeitura iria receber R$ 3 milhões para realizar o projeto.
No ano passado, a Prefeitura do
Rio também anunciou investimentos na cidade vizinha, como
medidas compensatórias pelo fato de depositar ali a maior parte
do lixo que produz. O dinheiro viria de um empréstimo de R$ 42
milhões obtido com o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O subsecretário municipal de
Meio Ambiente de Duque de Caxias, engenheiro Evaldo Louredo
de Araújo, diz que o atual aterro
em Gramacho é "como alguém de
102 anos de idade, podendo viver
mais uma semana ou um ano,
mas que certamente já ultrapassou a expectativa média de vida".
Estudos
Para resolver o problema, Araújo diz que a secretaria vem realizando estudos tentando definir
um novo local para o aterro, porém não antecipa as opções, procurando evitar futuras resistências. "Com certeza a definição só
irá surgir depois de discussões
com a população e seguindo as
determinações da legislação ambiental", afirma ele.
O lixão de Gramacho, que se
tornou célebre pelas imagens de
favelados garimpando detritos,
também foi construído sobre
uma área de manguezal.
Porém, Araújo afirma que, na
época, o regime de força do governo militar e a falta de resistência de ambientalistas tornaram o
projeto possível.
As características do solo na
área, que é composto por argila
orgânica, é a maior causa do final
da vida útil do lixão. As montanhas de detritos lançadas no local,
mesmo compactadas por tratores, estão sofrendo deslizamentos
internos, mostrando que a região
é geologicamente instável.
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