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CRIME NO VESTIBULAR
Esquema funcionaria há 10 anos; 200 estudantes de medicina e odontologia teriam sido beneficiados
PF investiga alunos envolvidos em fraude
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal e o Ministério
Público Federal começaram a investigar uma extensa rede de alunos de odontologia e medicina
que teriam fraudado o vestibular
de 24 instituições de ensino superior, públicas e particulares. Uma
quadrilha presa em junho atuava
há cerca de dez anos passando cola eletrônica com as respostas das
provas ao custo de até R$ 60 mil.
Os investigadores querem, agora, identificar os alunos beneficiados com a fraude e, por meio de
ações na Justiça, retirá-los das
universidades. A maior dificuldade hoje, segundo o procurador da
República Marco Vinícius Macedo, é descobrir aqueles que, formado, já estão trabalhando.
"Imagine a quantidade de médicos e dentistas atuando profissionalmente, quantos aprovados
em concurso se valendo do diploma. Temos indícios de que a quadrilha vinha agindo desde 1981,
pelo menos", disse Macedo.
Como não houve envolvimento
das universidades, o procurador
teme que seja impossível identificar quem usou o esquema das colas eletrônicas, caso a quadrilha
não tenha registro dos clientes.
Sem o registro, também seria impossível conseguir, na Justiça, o
cancelamento dos concursos.
Policiais federais ouvidos pela
Folha estimam que haja cerca de
200 alunos de medicina e odontologia que fraudaram o vestibular.
A PF pedirá auxílio do Ministério
da Educação e das instituições.
O procurador já conseguiu na
Justiça afastar 28 alunos da Universidade Federal do Acre por terem supostamente fraudado o
vestibular de medicina. Segundo
ele, são apenas os primeiros.
"Vou para Vitória [ES] e depois
para os outros Estados. O que
mais temos aqui é papel apreendido que estamos examinando na
medida de nossas possibilidades.
Quando [Jorge Nascimento] Dutra foi preso, encontramos ainda
mais arquivos. Vamos começar a
análise desse material."
O suposto líder da quadrilha,
Jorge Nascimento Dutra, foi preso na última quarta-feira em
Goiânia (GO) e transferido ontem
para Rio Branco (AC).
Anteontem, o procurador Macedo entrou com uma ação civil
pública pedindo a saída da filha
de Dutra da faculdade de medicina da UnB (Universidade de Brasília). O advogado de Dutra não
foi localizado ontem pela Folha
para comentar o caso.
Segundo o MPF, Dutra movimentou em alguns meses R$ 2 milhões. Também foram encontrados carros e imóveis em nome dele em Goiás. Outros membros da
quadrilha também tiveram parte
do patrimônio identificado, parte
em nome de parentes.
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