São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2004

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MASSACRE NO CENTRO

Polícia identificou quarto suspeito de atacar moradores de rua; investigadores fizeram busca na casa de PMs

Número de agressores é maior, diz promotor

SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL

O promotor de Justiça Carlos Roberto Marangoni Talarico, designado para acompanhar as investigações dos ataques promovidos contra moradores de rua em São Paulo, disse ontem que as agressões foram obra de um grupo composto por mais de três pessoas -número de suspeitos presos até a noite de ontem.
"Estamos longe da conclusão. A prisão temporária é uma medida judicial de menor impacto, que visa o alargamento das investigações, porque há indícios de [que os ataques tenham sido praticados por] um grupo bem maior. Há uma rede que não se resume ao número de pessoas presas temporariamente", afirmou Talarico.
Na quinta, a Justiça decretou a prisão temporária de dois PMs e de um segurança clandestino. A pedido da polícia, a dos PMs vale por 30 dias. A do civil, por dez. Os PMs estão no Presídio Militar Romão Gomes, e o segurança seria transferido ontem para uma cela no 77º DP (Santa Cecília).

Quarto suspeito
A equipe de homicídios múltiplos do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) afirma que já identificou um quarto suspeito da participação nos ataques.
Mas a prisão desse homem -que também seria segurança clandestino- ainda não foi pedida porque faltaria um depoimento tido como fundamental -e a testemunha ainda não se apresentou à polícia.
Além desse quarto segurança clandestino, há relatos que indicam a presença de outros dois homens nas cenas dos crimes ocorridos em 19 e 22 de agosto. Entre eles, segundo declarou o próprio secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, deve haver mais agentes públicos.
As investigações, no entanto, ainda devem se prolongar por várias semanas. Na próxima segunda, o inquérito completará um mês, e a polícia pedirá mais prazo para concluir as apurações.
"Temos um bom começo de investigação, mas há situações na qual a penumbra é muito grande. Acerca da culpabilidade deles [dos presos], por exemplo, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Além disso, a visão jurídica de quadrilha ou bando, por exemplo, é bem diferente da do senso comum", disse Talarico.
Talarico disse ainda que estima que a Justiça conceda mais 60 dias para as investigações. A polícia não esclareceu que vínculo existe entre os suspeitos.
O promotor não confirmou -nem desmentiu- que o tráfico de drogas esteja por trás dos ataques, como afirmou ontem o secretário da Segurança. "Eu acho que isso é conclusão de quem falou. A conclusão do inquérito ainda vai demorar um pouco mais", afirmou Talarico.
Segundo ele, ainda não há dados claros e inquestionáveis sobre quem de fato desferiu os golpes mortais em todas as vítimas.
Ontem de manhã, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca nas casas dos dois PMs presos temporariamente e em outros dois endereços mantidos por eles.
Vários papéis foram apreendidos, mas os imóveis foram considerados "limpos" pelos policiais, que não localizaram nem uma bala de revólver. A suspeita é que alguém -familiares ou comparsas dos suspeitos- tenha retirado recentemente coisas do local. Os PMs estão detidos administrativamente desde terça passada.


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