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MASSACRE NO CENTRO
Polícia identificou quarto suspeito de atacar moradores de rua; investigadores fizeram busca na casa de PMs
Número de agressores é maior, diz promotor
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor de Justiça Carlos
Roberto Marangoni Talarico, designado para acompanhar as investigações dos ataques promovidos contra moradores de rua em
São Paulo, disse ontem que as
agressões foram obra de um grupo composto por mais de três
pessoas -número de suspeitos
presos até a noite de ontem.
"Estamos longe da conclusão. A
prisão temporária é uma medida
judicial de menor impacto, que
visa o alargamento das investigações, porque há indícios de [que
os ataques tenham sido praticados por] um grupo bem maior.
Há uma rede que não se resume
ao número de pessoas presas temporariamente", afirmou Talarico.
Na quinta, a Justiça decretou a
prisão temporária de dois PMs e
de um segurança clandestino. A
pedido da polícia, a dos PMs vale
por 30 dias. A do civil, por dez. Os
PMs estão no Presídio Militar Romão Gomes, e o segurança seria
transferido ontem para uma cela
no 77º DP (Santa Cecília).
Quarto suspeito
A equipe de homicídios múltiplos do DHPP (Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa)
afirma que já identificou um
quarto suspeito da participação
nos ataques.
Mas a prisão desse homem
-que também seria segurança
clandestino- ainda não foi pedida porque faltaria um depoimento tido como fundamental -e a
testemunha ainda não se apresentou à polícia.
Além desse quarto segurança
clandestino, há relatos que indicam a presença de outros dois homens nas cenas dos crimes ocorridos em 19 e 22 de agosto. Entre
eles, segundo declarou o próprio
secretário da Segurança Pública,
Saulo de Castro Abreu Filho, deve
haver mais agentes públicos.
As investigações, no entanto,
ainda devem se prolongar por várias semanas. Na próxima segunda, o inquérito completará um
mês, e a polícia pedirá mais prazo
para concluir as apurações.
"Temos um bom começo de investigação, mas há situações na
qual a penumbra é muito grande.
Acerca da culpabilidade deles
[dos presos], por exemplo, ainda
há um longo caminho a ser percorrido. Além disso, a visão jurídica de quadrilha ou bando, por
exemplo, é bem diferente da do
senso comum", disse Talarico.
Talarico disse ainda que estima
que a Justiça conceda mais 60 dias
para as investigações. A polícia
não esclareceu que vínculo existe
entre os suspeitos.
O promotor não confirmou
-nem desmentiu- que o tráfico
de drogas esteja por trás dos ataques, como afirmou ontem o secretário da Segurança. "Eu acho
que isso é conclusão de quem falou. A conclusão do inquérito ainda vai demorar um pouco mais",
afirmou Talarico.
Segundo ele, ainda não há dados claros e inquestionáveis sobre
quem de fato desferiu os golpes
mortais em todas as vítimas.
Ontem de manhã, a Polícia Civil
cumpriu mandados de busca nas
casas dos dois PMs presos temporariamente e em outros dois endereços mantidos por eles.
Vários papéis foram apreendidos, mas os imóveis foram considerados "limpos" pelos policiais,
que não localizaram nem uma bala de revólver. A suspeita é que alguém -familiares ou comparsas
dos suspeitos- tenha retirado recentemente coisas do local. Os
PMs estão detidos administrativamente desde terça passada.
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