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POLÍTICAS PÚBLICAS
Ministério Público do Trabalho vai exigir concurso para quem atua no Programa Saúde da Família
Promotoria ataca terceirização de agentes de saúde
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sob a ameaça de verem os recursos federais suspensos na Justiça, os prefeitos que serão eleitos
neste ano em todo país terão de
realizar concursos públicos para
regularizar a contratação dos
agentes comunitários de saúde
que atuam no Programa Saúde
da Família. Segundo o MPT (Ministério Público do Trabalho),
75% dos cerca de 191 mil agentes
são terceirizados ou autônomos,
o que não é permitido por lei.
A procuradoria investiga as
contratações há um ano e sustenta que muitos agentes são indicados políticos das prefeituras e não
têm plenos direitos trabalhistas.
Essas vagas precisam ser ocupadas por concursados porque
são financiadas com recursos federais. A União repassa as verbas
diretamente aos municípios.
Se não houver sinalização clara
da intenção de realizar concursos, os repasses podem ser suspensos por liminar na Justiça.
Além disso, os prefeitos podem
responder por improbidade administrativa e ter suas prestações
de contas desses recursos reprovadas pelo TCU (Tribunal de
Contas das União).
Solução negociada
O procurador encarregado do
caso, Adélio Justino Lucas, afirma querer uma solução negociada, sem traumas ou interrupções
abruptas no serviço prestado à
comunidade. Ele preferiu dar um
prazo até 30 de novembro para
que o Ministério da Saúde, gestor
responsável pelas verbas, demonstre passos concretos para a
regularização dos contratos.
Segundo o Ministério, a cifra de
75% de contratações irregulares
está ultrapassada e é de um levantamento feito de 2001 a 2002.
Para a secretária-executiva do
Conasems (Conselho Nacional
dos Secretários Municipais de
Saúde), Rose Maria Inojosa, as
eleições tornam "impossível" a
adoção imediata de medidas:
"Qualquer posicionamento pode
ser usado eleitoralmente".
No período eleitoral, funcionários não podem ser demitidos ou
contratados, mas a indicação de
uma ação futura nesse sentido
pode afetar algumas eleições.
Ainda segundo Inojosa, a troca
de pessoal no programa Saúde da
Família pode prejudicar o serviço, uma vez que os agentes já estariam inseridos na comunidade.
Para Lucas, isso não é desculpa
para infringir a lei.
Em nota, o Ministério da Saúde
disse que estabeleceu normas e
critérios para a seleção de agentes
em uma portaria de 1997 e, portanto, não pode confirmar se
ocorrem indicações políticas.
Em 28 de julho, o ministro
Humberto Costa (Saúde) repassou a todos os municípios a advertência do MPT sobre a "possibilidade de suspensão de recursos federais".
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