São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2005

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SAÚDE/OBSTETRÍCIA

Pelo novo método, parte dos tecidos que ficam antes do útero é aberta com os dedos

Técnica de cesárea acelera a recuperação após o parto

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma nova técnica de cesariana promete reduzir o tempo cirúrgico, a dor e melhorar a recuperação da mulher no pós-parto. Chamado de cesárea minimamente invasiva, o método já é utilizado nos Estados Unidos, na Europa, na China e na Índia e agora ganha adeptos no Brasil.
A idéia central do procedimento, criado em Israel, é traumatizar o mínimo possível os sete tecidos abdominais que precisam ser abertos antes da retirada do bebê.
Pela técnica tradicional são realizados sete cortes: pele, gordura, fáscia muscular, músculo, peritônio parietal (colado embaixo do músculo), peritônio visceral (que reveste a parede do útero) e, por fim, o útero. Na cesárea menos invasiva são cortadas apenas as três primeiras camadas. As demais são separadas com os dedos.
O procedimento também tem vantagem no fechamento dos tecidos. Durante a sutura, o peritônio e os músculos são poupados -porque conseguem se fechar sozinhos- e a pele pode receber cola biológica em vez de pontos.
A técnica resulta em menos sangramento durante a cirurgia, menor número de pontos e redução do uso de analgésicos, diz o ginecologista e obstetra Thomaz Gollop, professor da USP e um dos introdutores da técnica no Brasil.
"É difícil a reformulação de conceitos arraigados na formação do médico. Mas a técnica é extremamente eficaz e preconizada pela OMS [Organização Mundial da Saúde]", afirma Gollop. Para ele, a técnica também é mais econômica porque envolve menos pontos e menor tempo cirúrgico.
O professor titular de obstetrícia da Unicamp João Luiz Pinto e Silva diz que a técnica não traz novidades. "Não conheço rotas alternativas aqui, em Israel ou em outro lugar do mundo a não ser a técnica que todo médico usa. Abrir os tecidos com os dedos ou não, depende de cada cirurgião. Acho que é apenas mais uma forma de fazer a cesárea", afirmou.
O ginecologista e obstetra dos hospitais Albert Einstein e São Luiz Rubens Paulo Gonçalves utiliza a técnica há um ano e meio. "Não há dúvidas de que a mulher terá uma recuperação melhor porque seus tecidos serão menos lesados e porque há menos rompimento de vasos", diz ele.
Luiz Camano, professor titular da Unifesp e presidente da Comissão Nacional de Assistência ao Parto, diz que a nova cesárea não apresenta grandes variações em relação à cesárea tradicional.
"Esse método tem apenas algumas particularidades. O resultado efetivo que você consegue é uma cirurgia mais rápida e com economia na quantidade de fios que seriam usados nos pontos", diz. (FERNANDA BASSETTE e CLÁUDIA COLLUCCI)

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