São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2005

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Hotel Hilton já teve pneus de F-1 na cozinha

DA REPORTAGEM LOCAL

Um bife importado da França quase fez Adalto Rodrigues, o chefe da cozinha do badalado Hotel Hilton, perder o emprego. Era 1986 e ele não se lembra bem por que estava faltando carne no país.
O hotel tinha um evento marcado para 500 pessoas e era preciso servir carne. A solução foi mandar vir o tal "bife de Paris" e servi-lo aos convidados.
Adalto só não esperava que a carne fosse tão dura. "Mas não tinha o que fazer, sabia que seria uma catástrofe", lembra. "E eu estava certo. Nunca recebi tanta reclamação na vida."
Depois do infeliz episódio, o cozinheiro passou a só aceitar carne do Brasil em sua cozinha.
Funcionário do Hilton desde sua abertura e hoje consultor da rede, Adalto tem histórias saborosas para contar.
Em 1978, recorda, teve de encontrar espaço em sua cozinha para abrigar pneus de carros da Fórmula 1. Tudo porque os pilotos que vieram para a etapa brasileira da competição se hospedaram por lá e foram recebidos com exóticos coquetéis servidos em cima dos pneus.
"Mas o pedido mais estranho que já atendi foi de um diretor de uma multinacional que ficou um mês no Hilton e pediu para que, todos os dias, fosse servido um frango assado", conta. "Passei 30 dias fazendo o mesmo prato."
O último hóspede ilustre servido pelo chefe foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Na campanha, ele ficava aqui com sua equipe", diz. "Nunca foram de luxo, mas não podia faltar picanha."
Além do almoço presidencial, todos os dias saía da cozinha de Adalto cerca de 3.000 pratos. "Nossa equipe, que chegou a ter 80 funcionários, não parava. Além do movimento do hotel, preparávamos banquetes para festas de casamentos e, aos fins de semana, tinha feijoada e "brunch" à disposição dos paulistanos. Era uma correria só."
Essas são histórias do primeiro hotel cinco estrelas do país, que fechou as portas no fim do ano passado após ter reunido a elite econômica na década de 70.


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