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VIOLÊNCIA
Estudante obtém direito de ficar no país após alegar ter sido espancado por policiais do DF devido à sua orientação sexual
EUA dão asilo a brasileiro por discriminação
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Um estudante brasileiro conseguiu asilo político nos Estados
Unidos alegando ter sofrido discriminação sexual no Brasil. O escritório do Serviço Nacional de
Imigração (INS) em Miami (Flórida) concedeu no último dia 6 o
direito de o brasiliense Adriano
G., que não revela o sobrenome,
ficar indefinidamente no país.
Adriano, 23, recebeu o asilo em
tempo recorde, depois de provar
às autoridades norte-americanas
que teria sido vítima de violência
policial causada por sua orientação sexual. Atualmente desempregado, o ex-estudante de Direito da Universidade de Brasília
chegou à Flórida em 29 de maio
com visto de turista.
Segundo declarou, ele havia sido humilhado e espancado por
policiais no parque Sara Kubitschek, no Distrito Federal, em setembro do ano passado, enquanto conversava à noite no carro
com um amigo, no estacionamento. Adriano disse que desde
então estava sendo perseguido.
"Eram dois soldados da PM e
dois da polícia civil, que acharam
que nós éramos gays e nos tiraram do carro", disse o ex-estudante à Folha. "As pessoas tendem a achar que as coisas são melhores em Brasília, por ser a capital do país, mas o preconceito está
em todos os lugares."
As assessorias de imprensa dos
consulados brasileiros na Flórida
e em Nova York disseram desconhecer o caso do brasileiro.
Desde o incidente, segundo ele,
apresentou queixa contra os policiais ao Ministério Público no
Distrito Federal e à Corregedoria
da Polícia. Foi quando teria começado a sofrer ameaças. "Pedi proteção à Promotoria Pública, mas
sem sucesso", disse. Adriano resolveu, então, deixar o país.
Uma vez em Miami, para chegar até o INS, o ex-estudante contou com os serviços legais da entidade religiosa Catholic Charity,
que pagou advogado, e o apoio da
ONG Human Rights Foundation,
que emprestou sala, telefone e
computador para que ele juntasse
as provas de seu caso.
Seus pais, um empresário e uma
professora que moram em Brasília, não sabem do ocorrido e pensam que o filho está em viagem de
férias. "Nem sei ainda como vou
contar tudo isso a eles", disse.
"Não penso em viver aqui", afirmou. "Só queria legalizar minha
situação, por isso pedi o asilo político, mas volto para o Brasil assim
que as coisas acalmarem." O ex-estudante não quer mais morar
na capital federal. "Brasília, nunca
mais", disse. "Devo ir para alguma cidade do Sul."
A promotora Yara Velozo Teixeira, do Ministério Público do
Distrito Federal, disse que não se
lembra do caso de Adriano G..
"Não há registro disso no Núcleo de Investigação Criminal. Tenho uma memória de elefante e
certamente me lembraria dessa
ocorrência porque é "sui generis"."
Entre maio de 1999 e junho deste ano, Yara era uma das duas
promotoras responsáveis pelo
Núcleo de Investigação Criminal
e Controle Externo da Atividade
Policial. O núcleo apura casos de
abuso de autoridade cometidos
pelas Polícias Militar e Civil.
Em abril deste ano, outro brasileiro, o bancário Joaquim de
Abreu, 43, conseguiu asilo político nos EUA por ter se sentido discriminado sexualmente no Brasil.
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