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Canadense é condenado por crime de racismo
DA SUCURSAL DO RIO
O canadense Reginald Johan
Smeltzer foi condenado ontem
pela Justiça do Rio de Janeiro por
crime de racismo contra a comerciante Nadir Maria Tolentino Dória, 45.
Smeltzer foi condenado pela 39ª
Vara Criminal da Justiça do Rio a
um ano de reclusão, mas teve a
sentença convertida em pena alternativa.
O canadense terá que pagar dez
salários mínimos para uma instituição de caridade, mas ainda pode recorrer da sentença.
De acordo com Alcione Barreto,
o advogado de Nadir, o canadense xingou sua cliente de "preta safada" e disse que "crioulo não pode ter nada no Brasil".
"Essa condenação teve finalidade preventiva. O estrangeiro, que
é recebido aqui de braços abertos,
não pode agir aqui dessa forma",
afirmou Barreto.
"Achei muito justa a condenação. A vitória não é minha, é da
raça negra. O Brasil é um país de
negros e é bom os estrangeiros saberem disso", declarou Nadir,
que é mulher do juiz do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de
São Paulo Ernesto Dória.
A ofensa aconteceu no dia 2 de
setembro do ano passado. Os dois
eram vizinhos comerciais em Copacabana (zona sul do Rio), onde
Nadir tem uma loja de pão de
queijos até hoje.
A discussão começou devido a
uma moto da loja de massas do
canadense estacionada irregularmente em frente a loja da comerciante e ex-modelo.
O canadense não foi localizado
pela reportagem da Folha para
comentar o assunto. Nadir disse
que está satisfeita com a pena e
que não pretende entrar com nenhuma ação indenizatória contra
Smeltzer.
Nadir desfilou até dez anos atrás
como modelo para estilistas nacionais e internacionais, como
Clodovil e Pierre Cardin.
A comerciante, que usava o nome artístico de Nixon Dória, disse
nunca ter sido foi discriminada
nas passarelas.
"Nunca havia acontecido nada
parecido comigo. Acho que isso
ainda acontece no país porque a
comunidade negra tem que correr mais atrás dos seus direitos",
afirmou Nadir.
Para a comerciante, as ofensas
foram "um momento infeliz do
canadense".
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