São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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SAÚDE

De janeiro a agosto de 2002, registros já superam em 39% o total do ano passado; calor favorece proliferação de mosquito

Crescem casos de dengue contraídos em SP

PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de casos de dengue contraídos no município de São Paulo neste ano já é maior do que o total verificado no ano passado, quando houve uma explosão da doença em todo o país.
De janeiro a agosto deste ano, houve 2.119 registros da doença na capital. Desses, 429 eram autóctones -casos em que a doença foi contraída na própria cidade.
No ano passado, foram 308 casos autóctones. Ou seja, nos primeiros oito meses do ano, já houve 39% a mais de casos "paulistanos" do que em todo o ano passado. Já os casos "importados", de pessoas infectadas em outras cidades, mais que triplicaram de um ano para outro.
Para epidemiologistas ouvidos pela Folha, o aumento no número de casos autóctones é o mais preocupante, pois mostra que o mosquito Aedes aegypti está presente e se dispersa pela cidade.
A doença é transmitida quando o mosquito pica uma pessoa infectada pelo vírus da dengue e depois pica uma pessoa sadia.
A forma mais grave da doença, que pode matar, é a dengue hemorrágica -que pode se manifestar quando uma pessoa é infectada pela segunda vez.
Tanto especialistas como a prefeitura admitem que há risco de uma epidemia da doença na cidade. A Secretaria Municipal da Saúde, porém, descarta a possibilidade de que haja epidemia de dengue hemorrágica.
Para se ter uma idéia do avanço do Aedes aegypti em São Paulo, no ano de 1999 a cidade registrou 84 casos de dengue, mas somente dois autóctones -os primeiros do tipo na história do município. Em 2000, dos 122 casos, nenhum foi contraído na própria cidade. Já em 2001 foram 631, quase a metade contraídos no município.
A distribuição geográfica dos casos comprova a dispersão do mosquito. Em maio de 2001, 13 distritos da cidade -a maioria na zona norte- concentravam praticamente todos os casos contraídos em São Paulo. Já em junho deste ano, os distritos com casos autóctones subiram para 27.
Com o calor e as chuvas típicos desta época do ano, ficam ideais as condições para a proliferação do Aedes aegypti. As larvas do mosquito, que geralmente se reproduzem em água parada e limpa, podem sobreviver em ambiente seco por até um ano -e se proliferam com maior rapidez em altas temperaturas.
Segundo Pedro Bonequine Júnior, que gerencia o projeto de controle da dengue da prefeitura, a administração trabalhou no combate ao mosquito durante todo o ano com campanhas educativas, vistorias de agentes e ações de nebulização. Mas, segundo ele, o trabalho será insuficiente se não houver uma mudança de comportamento da população. "A maioria dos focos que encontramos está nos domicílios, em vasinhos, pratinhos, latas."
Atualmente, há na cidade 800 agentes de controle de zoonoses. Segundo Bonequine, mais 530 serão contratados.


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