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SAÚDE
De janeiro a agosto de 2002, registros já superam em 39% o total do ano passado; calor favorece proliferação de mosquito
Crescem casos de dengue contraídos em SP
PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de casos de dengue
contraídos no município de São
Paulo neste ano já é maior do que
o total verificado no ano passado,
quando houve uma explosão da
doença em todo o país.
De janeiro a agosto deste ano,
houve 2.119 registros da doença
na capital. Desses, 429 eram autóctones -casos em que a doença foi contraída na própria cidade.
No ano passado, foram 308 casos autóctones. Ou seja, nos primeiros oito meses do ano, já houve 39% a mais de casos "paulistanos" do que em todo o ano passado. Já os casos "importados", de
pessoas infectadas em outras cidades, mais que triplicaram de
um ano para outro.
Para epidemiologistas ouvidos
pela Folha, o aumento no número
de casos autóctones é o mais
preocupante, pois mostra que o
mosquito Aedes aegypti está presente e se dispersa pela cidade.
A doença é transmitida quando
o mosquito pica uma pessoa infectada pelo vírus da dengue e depois pica uma pessoa sadia.
A forma mais grave da doença,
que pode matar, é a dengue hemorrágica -que pode se manifestar quando uma pessoa é infectada pela segunda vez.
Tanto especialistas como a prefeitura admitem que há risco de
uma epidemia da doença na cidade. A Secretaria Municipal da
Saúde, porém, descarta a possibilidade de que haja epidemia de
dengue hemorrágica.
Para se ter uma idéia do avanço
do Aedes aegypti em São Paulo,
no ano de 1999 a cidade registrou
84 casos de dengue, mas somente
dois autóctones -os primeiros
do tipo na história do município.
Em 2000, dos 122 casos, nenhum
foi contraído na própria cidade. Já
em 2001 foram 631, quase a metade contraídos no município.
A distribuição geográfica dos
casos comprova a dispersão do
mosquito. Em maio de 2001, 13
distritos da cidade -a maioria na
zona norte- concentravam praticamente todos os casos contraídos em São Paulo. Já em junho
deste ano, os distritos com casos
autóctones subiram para 27.
Com o calor e as chuvas típicos
desta época do ano, ficam ideais
as condições para a proliferação
do Aedes aegypti. As larvas do
mosquito, que geralmente se reproduzem em água parada e limpa, podem sobreviver em ambiente seco por até um ano -e se
proliferam com maior rapidez em
altas temperaturas.
Segundo Pedro Bonequine Júnior, que gerencia o projeto de
controle da dengue da prefeitura,
a administração trabalhou no
combate ao mosquito durante todo o ano com campanhas educativas, vistorias de agentes e ações
de nebulização. Mas, segundo ele,
o trabalho será insuficiente se não
houver uma mudança de comportamento da população. "A
maioria dos focos que encontramos está nos domicílios, em vasinhos, pratinhos, latas."
Atualmente, há na cidade 800
agentes de controle de zoonoses.
Segundo Bonequine, mais 530 serão contratados.
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