São Paulo, sexta-feira, 18 de outubro de 2002

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Calor facilita incêndios em favelas

DA REPORTAGEM LOCAL

Um incêndio de meia hora destruiu ontem de manhã 25 barracos da favela Sucupira (zona norte de SP), deixando 114 pessoas desabrigadas. As cenas dos moradores da favela tentando salvar os pertences se repetiram pela sétima vez desde segunda-feira, seis vezes na capital e uma em São Bernardo do Campo (ABC).
O número de incêndios nos últimos três dias já é igual ao total de 2001. Neste ano, a Sehab (Secretaria da Habitação e do Desenvolvimento Urbano) anotou 20 casos.
Ao lado das condições precárias das favelas (ligações clandestinas de energia e barracos colados), a alta temperatura agrava o risco de incêndios, pois resseca a madeira e ajuda o fogo a se propagar.
Para o pesquisador José Carlos Tomina, da área de segurança contra o fogo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), a união dos fatores é a principal razão para as chamas que atingiram 232 pessoas. "A favela tem, de um lado, o combustível, a grande quantidade de madeira, e, do outro, forte risco de produção de faíscas. O tempo seco facilita o pior."
A base do problema, segundo ele, é o déficit habitacional em São Paulo, que empurra pelo menos 1 em cada 10 moradores para favelas, cortiços ou casas improvisadas, segundo o Censo 2000.
Moradores da favela Sucupira estavam na "fila" para irem para um conjunto habitacional. A Sehab estuda fazer com que se mudem até o fim do ano, "furando a fila", diz André Leonardi, chefe de gabinete da pasta. A Sehab já gastou neste ano R$ 4,8 milhões em atendimentos de emergência (inclui inundações e desabamentos).


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