São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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Ex-namorada levou tiro na cabeça e outro na virilha

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na madrugada de hoje, o estado da garota Eloá Cristina Pimentel, 15, era gravíssimo e ela corria risco de morte.
Mantida refém por mais de 100 horas por seu ex-namorado, Lindemberg Fernandes Alves, 22, quando foi atingida por uma bala na cabeça e outra na virilha, ela continuava internada no Centro Médico Hospitalar Santo André (ABC paulista).
Eloá estava na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital, em coma induzido.
De acordo com a neurocirurgiã Grace Mary Lídia, que operou a garota das 19h30 às 22h, uma das balas entrou pela região frontal parietal direita (testa) e ficou alojada na nuca.
"O problema não é o orifício frontal, mas a lesão térmica causada pelo projétil no trajeto até a região occipital [nuca]", afirmou Lídia.
A bala não será retirada da nuca. Por conta do tiro, ela perdeu bastante massa encefálica.
A neurocirurgiã não soube avaliar, pelo tamanho do orifício, o calibre da bala. Lídia também disse que era cedo para afirmar se haverá seqüelas. "O caso dela é muito grave, muito reservado."
Segundo a médica, a menina deu entrada no hospital em estado muito grave. "Em termos de coma, a gente fala numa escala de 3 a 15, do pior para o melhor. O dele estava em 4."

Horário do tiro
A possibilidade aventada de que o tiro na virilha tivesse sido dado pela manhã, num disparo ouvido pela polícia, não pôde ser confirmada, segundo a diretora do hospital, Rosa Maria Pinto de Aguiar.
Ela mostrou aos jornalistas, dentro de um saco plástico, a bala retirada da virilha da garota. O projeto será encaminhado à perícia. "Não temos como avaliar [o horário do tiro]", afirmou a diretora.

Nayara
O coordenador do serviço de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial do Centro Médico Hospitalar Santo André, Ricardo Modes, informou que o estado de Nayara é mais estável na comparação com Eloá.
A amiga de Eloá foi atingida por uma bala de calibre não identificado no lado direito do rosto. A bala atravessou pelo lado esquerdo, por baixo do nariz, e comprometeu o osso que dá suporte às narinas.
"Limpamos o local [para retirar os fragmentos] e colocamos um suporte de ferro para sustentar a parte entre a gengiva e a base do nariz. A narina dela se abriu na hora do impacto, mas já voltou ao normal", afirmou o coordenador do serviço de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial.
Nayara perdeu também um dente canino, mas está consciente e deve deixar o hospital em uma semana.

Família e amigos
Do lado de fora do hospital, amigos se reuniram para rezar um pai-nosso especialmente para Eloá. Na entrada principal do hospital, foi colocado um banco para impedir a entrada de curiosos e da imprensa -onde estão os familiares. Foram vistos entrando o jovem Iago, que foi refém no in"ciio, mas ele não quis dar entrevista.
O pai de Eloá passou mal com hipertensão e está sedado junto à mãe da garota, no mesmo hospital.
O pai de Nayara, Luciano Vieira, teve uma crise de hipertensão ontem e estava no hospital acompanhado da mãe e do avô da menina.
Já os pais de Eloá estavam sedados no local.


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