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MARIA ISABEL BALTAR DA ROCHA (1946-2008)
A luta de Bel pelos direitos feministas
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Bel saiu nova e sozinha de
Recife, em Pernambuco. Aos
20, com a ditadura militar
engatinhando, entrou na faculdade de ciências sociais,
na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.
Quando Maria Isabel Baltar da Rocha se viu formada,
em 1969, o regime já havia
endurecido. Vigorava o AI-5.
Ligada ao PCB (Partido
Comunista Brasileiro), foi
presa pelo Dops (Departamento de Ordem Política e
Social) e torturada nos porões do regime. Estava grávida da primeira filha.
O marido ela havia conhecido em Recife, mas só se casaram em São Paulo, quando,
ex-namorados, se reencontraram. Ele, engenheiro, tinha vindo à cidade trabalhar.
Do início dos anos 70 a
2000, foi do bacharelado ao
pós-doutorado na Espanha.
Ao mesmo tempo, engajou-se na luta pelos direitos feministas. Buscou quebrar a resistência de setores religiosos ao aborto legal.
"Era intransigente com os
princípios éticos e, ao mesmo tempo, uma pessoa muito doce", lembra a amiga.
Atualmente, trabalhava como pesquisadora do Núcleo
de Estudos da População da
Unicamp. Era também conselheira da ONG Católicas
pelo Direito de Decidir.
Morreu na terça-feira, aos
61, na alça da via Anhangüera
que dá acesso a Dom Pedro
1º, quando a carga de um caminhão tombou sobre seu
carro. Participaria de um seminário em Campinas (SP).
Deixou quatro filhos. O quinto neto está para nascer.
obituario@folhasp.com.br
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