São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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MARIA ISABEL BALTAR DA ROCHA (1946-2008)

A luta de Bel pelos direitos feministas

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Bel saiu nova e sozinha de Recife, em Pernambuco. Aos 20, com a ditadura militar engatinhando, entrou na faculdade de ciências sociais, na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.
Quando Maria Isabel Baltar da Rocha se viu formada, em 1969, o regime já havia endurecido. Vigorava o AI-5.
Ligada ao PCB (Partido Comunista Brasileiro), foi presa pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e torturada nos porões do regime. Estava grávida da primeira filha.
O marido ela havia conhecido em Recife, mas só se casaram em São Paulo, quando, ex-namorados, se reencontraram. Ele, engenheiro, tinha vindo à cidade trabalhar.
Do início dos anos 70 a 2000, foi do bacharelado ao pós-doutorado na Espanha. Ao mesmo tempo, engajou-se na luta pelos direitos feministas. Buscou quebrar a resistência de setores religiosos ao aborto legal.
"Era intransigente com os princípios éticos e, ao mesmo tempo, uma pessoa muito doce", lembra a amiga. Atualmente, trabalhava como pesquisadora do Núcleo de Estudos da População da Unicamp. Era também conselheira da ONG Católicas pelo Direito de Decidir.
Morreu na terça-feira, aos 61, na alça da via Anhangüera que dá acesso a Dom Pedro 1º, quando a carga de um caminhão tombou sobre seu carro. Participaria de um seminário em Campinas (SP). Deixou quatro filhos. O quinto neto está para nascer.

obituario@folhasp.com.br


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