São Paulo, domingo, 18 de outubro de 1998

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Fábrica do interior faz 20 mil urnas por mês

da Equipe de Articulistas

A crise econômica não abala o mercado da morte, segundo os empresários Marcos Benedito Bignotto, dono fábrica de urnas funerárias Bignotto, a maior da América Latina, e Jayme José Adissi, presidente do Sindicato dos Cemitérios do Estado de São Paulo e dono de dois cemitérios na cidade de Guarulhos (Grande São Paulo).
A fábrica Bignotto, em Cordeirópolis, interior de São Paulo, vende ao Serviço Funerário do Município de São Paulo 50% dos caixões comprados pelo órgão.
"Nossa produção é de 1.000 urnas por dia e 20 mil por mês", informou Marcos Bignotto à Folha em sua fábrica.
Segundo ele, "a urna que mais sai para São Paulo é a urna de indigente, a popular, feita com sobras de madeira ou com madeira defeituosa, e revestimento de celulose, uma espécie de papelão".
A urna de luxo, de madeira maciça, "tem um padrão e é vista como um carro", explica.
"Está sendo cada vez mais personalizada pelos planos funerários, com a logomarca do plano, um crucifixo na de católicos, uma Bíblia na de protestantes, como se fosse uma grife, como nos carros", diz o empresário.
Bignotto contou que a madeira utilizada nas urnas é o pinus e que a fábrica tem floresta própria.
"Uma árvore adulta, de 15 anos, já está pronta para fabricar sete urnas, mais a sobra de material para ser usado na caldeira, como energia."
Bignotto acha que vender caixões é como vender qualquer outro produto.
"As pessoas acham que os empresários desse ramo se aproveitam da morte, mas não é isso. Eu também estou na lista."
Para Jayme Adissi, investir no setor não é tão tranquilo quanto se imagina, "embora nesse mercado não haja crise, porque morre gente todo dia", disse.
Segundo ele, o investimento inicial em um cemitério é de R$ 1 milhão, o retorno é a longo prazo, cerca de 10 anos, e só vale a pena se a cidade tiver pelo menos 300 mil habitantes.
"A idéia do cemitério sempre é vender antes, é a venda preventiva. O segredo é estimular a prevenção, por isso é mais rentável vender planos de jazigos, planos funerários", Adissi explicou. (MF)



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