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Funerária fica com o seguro de seu cliente
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O Procon (Coordenadoria de
Proteção e Defesa do Consumidor) de Belo Horizonte recebeu,
nos últimos 12 meses, cerca de 50
denúncias contra funerárias e advogados por recebimento indevido do DPVAT.
O DPVAT (Seguro Obrigatório
de Danos Pessoais Causados por
Veículos Automotores de Vias
Terrestres) paga R$ 5.081,79 para
os parentes da vítima de acidentes
de veículos em caso de morte e
não há necessidade de intermediários para receber o dinheiro.
Segundo a advogada Patrícia
Feldmann, o número de casos de
recebimento indevido pode ser
muito maior, pois muitos parentes de vítimas nem sabem que têm
direito ao pagamento.
As denúncias atingem diferentes
empresas e advogados que atuam
na região metropolitana de Belo
Horizonte, mas apresentam entre
si semelhanças que deixaram desconfiado o coordenador do Procon municipal, Rodrigo Campos.
Ele suspeita que funcionários da
própria polícia ou de hospitais
passam informações às funerárias
sobre possíveis vítimas do golpe,
que são abordadas ainda no Instituto de Médico Legal.
As vítimas são sempre pessoas
de baixa renda, na maioria analfabetas, e que tiveram algum parente morto por atropelamento.
Abaladas emocionalmente pela
notícia da morte, os parentes são
convidados por um agente para ir
até a funerária.
Na funerária, são apresentados
vários tipos de caixões, com preços diferentes. Quando a vítima
diz que não tem o dinheiro, o
agente afirma que pode dar um
prazo para o pagamento, mas que
as taxas de cemitério precisam ser
pagas à vista.
Um advogado, que já aguarda na
funerária, explica então que os parentes do morto têm direito ao recebimento do DPVAT. Ele pede
que seja assinada uma procuração
para poder receber o seguro, além
de cópias dos documentos pessoais. Depois que isso acontece, o
advogado dá um cheque seu para
cobrir as taxas do enterro.
De posse desses documentos, da
certidão de óbito e do boletim de
ocorrência do acidente, o seguro é
pago diretamente ao advogado.
Depois, a vítima recebe uma
conta superfaturada pelos serviços advocatícios e das funerárias,
ficando com, no máximo, metade
do valor total do seguro.
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