São Paulo, domingo, 18 de outubro de 1998

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Falta segurança nos cemitérios do Rio

ANDRÉ FELIPE LIMA
free-lance para a Folha

A falta de segurança nos cemitérios do Rio de Janeiro e a precariedade na conservação são os principais problemas do sistema funerário municipal, controlado pela Santa Casa de Misericórdia desde o final do século passado.
Esta é a opinião do diretor jurídico da própria instituição filantrópica, Cândido de Oliveira Bisneto. A Santa Casa administra 13 dos 14 cemitérios da cidade, cujos terrenos pertencem à prefeitura.
O coordenador da Comissão Municipal de Serviços Funerários, Walter Amorim, também reconhece a existência de problemas, mas alega que cabe exclusivamente ao administrador prover segurança e limpeza dos cemitérios. "A segurança é mesmo um problema difícil e nem mesmo a Guarda Municipal conseguiria resolvê-lo", afirma Amorim. Ele disse que o monopólio da Santa Casa terminará em 2004, quando haverá um processo de concessão para novos gestores.
As dificuldades, contudo, não terminam na falta de segurança e de limpeza. A ação cada vez mais intensa de falsos agentes funerários, que agem indiscriminadamente em capelas, hospitais e no próprio Instituto Médico Legal, tem sido um transtorno para a Santa Casa.
O diretor da Santa Casa descartou também a existência de venda casada de túmulos, flores, urnas e serviços de manutenção nos cemitérios administrados pela instituição. No Rio de Janeiro, afirma, inexiste este modelo de gestão, que em outros estados chega a ser obrigatório. "Cabe à família do proprietário do jazigo cuidar da manutenção de seu patrimônio", descreve Oliveira Bisneto.
Diferentemente da Santa Casa, o Grupo Jardim da Saudade oferece não só serviço de segurança e de limpeza em seu cemitério no bairro da Sulacap, zona norte, como mantém diversos serviços, como enfermaria e restaurantes.
Mesmo sendo concorrentes diretas, o diretor do grupo, Gibran Bezerra, lembrou de uma parceria realizada com a Santa Casa há cinco anos que teria culminado num prejuízo de US$ 300 mil.
"Administramos o cemitério São João Batista, na zona sul, por alguns meses e não conseguimos um bom resultado. Os traficantes agem livremente, colocando drogas nos vasos de flores para que os usuários as identifiquem pelos números dos jazigos onde estão os vasos", disse.
Bezerra diz que o o Jardim da Saudade encomendou uma pesquisa de mercado, na qual constatou-se que 95% dos entrevistados aprovam os tipos de serviços oferecidos.



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