São Paulo, Quinta-feira, 18 de Novembro de 1999
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INFÂNCIA
Covas promete construir 44 centros para infratores, mas prefeitos querem hospital e escola como compensação
Prefeituras fazem exigências ao Estado para receber novas unidades da Febem

Matuiti Mayezo/Folha Imagem
O governador Mário Covas se reúne com representantes da Justiça, da Assembléia e do Ministério Público para discutir a Febem


OTÁVIO CABRAL
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local

O governador Mário Covas (PSDB) anunciou ontem quais cidades irão receber as 44 novas unidades descentralizadas da Febem. Mas, ao saber que as cidades que administram passarão a abrigar menores infratores, prefeitos passaram a fazer exigências ao governo do Estado.
A exigência unânime entre os 18 municípios já definidos como sedes de unidades é que elas abriguem apenas menores da região. Segundo o governador, não deve haver problemas, pois o plano prevê a regionalização.
Alguns prefeitos vão além e pedem obras como "moeda de troca". É o caso de Bauru, que quer um hospital, e de Marília, que quer uma escola profissionalizante. Araçatuba e Botucatu também pretendem fazer exigências, mas não decidiram quais.
O anúncio do plano de descentralização da Febem foi feito na manhã de ontem pelo governador durante encontro com representantes do Ministério Público, do Tribunal de Justiça e da Assembléia Legislativa.
A proposta de Covas prevê a extinção da Unidade de Atendimento Inicial, no Brás (centro de SP), que faz a triagem de todos os menores detidos no Estado. Em seu lugar, serão criadas 14 núcleos de atendimento regionalizados. Outra promessa é construir 30 unidades regionais, com capacidade para abrigar no máximo 72 menores infratores (leia abaixo os detalhes do plano).
Para definir as cidades, Covas não levou em conta a opinião de políticos e moradores. Algumas cidades, como Bauru e Marília, haviam feito leis proibindo a entrada da Febem. "A resistência vai continuar existindo, mas é preciso vencê-la mostrando que o projeto é bom para os menores da região", declarou.
Mas alguns prefeitos, mesmo conhecendo o projeto, continuaram resistindo. Nílson Costa (PPS), prefeito de Bauru, recusa a Febem em um conjunto habitacional, como propõe o Estado. Se não tiver saída, quer como compensação a conclusão da obra do hospital regional.
Exigência semelhante faz Abelardo Camarinha (PMDB), de Marília. "Vou pedir a construção de uma escola profissionalizante. Já que arquei com o ônus, é justo receber algum bônus", declarou.
O prefeito do Guarujá, Maurici Mariano (PTB), afirmou que irá lutar até o fim contra a Febem, sem aceitar compensações.
Essa política de compensação foi adotada pelo Estado, na primeira gestão de Covas, quando ele também construiu hospitais em troca de levar presídios para as cidades.


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