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Dinheiro irá para a poupança
DA REPORTAGEM LOCAL
Os índios panarás pretendem
aplicar o dinheiro obtido com a
indenização em uma conta-poupança, de acordo com André Villas-Bôas, coordenador de projetos desenvolvidos pela ONG (organização não-governamental)
Instituto Socioambiental na reserva indígena.
"Eles deverão usar apenas os
rendimentos da poupança para a
compra de produtos dos brancos
que eles aprenderam a usar", disse Villas-Bôas.
No contato com os brancos, os
panarás se habituaram ao consumo de sal, açúcar, fósforo, sabão,
querosene e ao uso de instrumentos como facas, facões e machados. Alguns têm armas de fogo
para caça.
Dos 350 mil índios existentes no
país, 223 são pertencentes à etnia
panará. Eles vivem atualmente
em uma única aldeia circular às
margens do rio Iriri, localizada na
reserva de 494 mil hectares entre
Guarantã do Norte (MT) e Altamira (PA).
Gigantes
Descendentes dos caiapó do sul
-um grupo numeroso de índios
que vivia no centro do Brasil no
século 18-, os panarás são seminômades e, durante algum tempo, foram chamados de "índios
gigantes".
Examinados por uma equipe da
Escola Paulista de Medicina
quando eles chegaram ao Parque
Indígena do Xingu (MT), em
1975, constatou-se que a altura
média dos panarás era de 1,67m, a
mesma de outros grupos indígenas de família linguística Jê.
Os panarás não conseguiram se
adaptar à região do Xingu, onde
chegaram a ficar próximos dos
antigos inimigos caiapós.
Em 1991, um grupo de panarás
voltou para a antiga reserva. Encontrou parte da área com matas
e rios preservados.
Justiça
Os índios entraram na Justiça
para conseguir a posse da terra.
Entre 1995 e 1996, os panarás voltaram a ocupar a terra da qual haviam sido transferidos 20 anos
antes. O presidente Fernando
Henrique Cardoso homologou a
demarcação da reserva em abril
deste ano.
Mas a saga dos índios -que já
foram tema de uma música do
beatle Paul McCartney e de um
poema de Carlos Drummond de
Andrade- ainda está muito longe de terminar.
"As madeireiras ameaçam a terra deles agora", afirma André Villas-Bôas.
(SB)
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