São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2001

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Dinheiro irá para a poupança

DA REPORTAGEM LOCAL

Os índios panarás pretendem aplicar o dinheiro obtido com a indenização em uma conta-poupança, de acordo com André Villas-Bôas, coordenador de projetos desenvolvidos pela ONG (organização não-governamental) Instituto Socioambiental na reserva indígena.
"Eles deverão usar apenas os rendimentos da poupança para a compra de produtos dos brancos que eles aprenderam a usar", disse Villas-Bôas.
No contato com os brancos, os panarás se habituaram ao consumo de sal, açúcar, fósforo, sabão, querosene e ao uso de instrumentos como facas, facões e machados. Alguns têm armas de fogo para caça.
Dos 350 mil índios existentes no país, 223 são pertencentes à etnia panará. Eles vivem atualmente em uma única aldeia circular às margens do rio Iriri, localizada na reserva de 494 mil hectares entre Guarantã do Norte (MT) e Altamira (PA).

Gigantes
Descendentes dos caiapó do sul -um grupo numeroso de índios que vivia no centro do Brasil no século 18-, os panarás são seminômades e, durante algum tempo, foram chamados de "índios gigantes".
Examinados por uma equipe da Escola Paulista de Medicina quando eles chegaram ao Parque Indígena do Xingu (MT), em 1975, constatou-se que a altura média dos panarás era de 1,67m, a mesma de outros grupos indígenas de família linguística Jê.
Os panarás não conseguiram se adaptar à região do Xingu, onde chegaram a ficar próximos dos antigos inimigos caiapós.
Em 1991, um grupo de panarás voltou para a antiga reserva. Encontrou parte da área com matas e rios preservados.

Justiça
Os índios entraram na Justiça para conseguir a posse da terra. Entre 1995 e 1996, os panarás voltaram a ocupar a terra da qual haviam sido transferidos 20 anos antes. O presidente Fernando Henrique Cardoso homologou a demarcação da reserva em abril deste ano.
Mas a saga dos índios -que já foram tema de uma música do beatle Paul McCartney e de um poema de Carlos Drummond de Andrade- ainda está muito longe de terminar.
"As madeireiras ameaçam a terra deles agora", afirma André Villas-Bôas. (SB)



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