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Jovem anoréxica morre aos 21 anos
É a segunda morte em decorrência da doença em menos de uma semana; para avó, distúrbio é diabólico
Carla Casalle, 21, fazia tratamento há cinco anos; família desconfia que ela comprava remédios pela internet, sem receita médica
JORGE SOUFEN JR
ENVIADO ESPECIAL A ARARAQUARA
MARIA FERNANDA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
A estudante Carla Sobrado
Casalle, 21, morreu anteontem
em Araraquara (273 km de SP)
de parada cardíaca, provavelmente decorrente de anorexia
nervosa, doença que a obrigava
a se submeter a tratamento há
cinco anos -desde o começo da
semana, ela estava internada
na Beneficência Portuguesa.
Carla é a segunda vítima de
anorexia em menos de uma semana -no dia 14, a modelo Ana
Carolina Reston Macan, 21,
morreu com 40 kg, após infecção generalizada -conseqüência de uma anorexia nervosa.
Carla tinha 1,74 m, pesava 55
kg e usava manequim 34. Mas,
na infância, era considerada
uma menina gordinha e, segundo parentes, passou a consumir
remédios para emagrecer.
A estudante foi enterrada ontem. Segundo um tio de Carla,
que pediu para não ser identificado, ela passou mal na segunda-feira de manhã e foi internada na UTI do hospital Beneficência Portuguesa, de Araraquara. Entubada, ela teve uma
parada cardíaca. Os médicos a
reanimaram, mas anteontem,
por volta das 6h, ela teve outra
parada cardíaca e não resistiu.
A advogada Ilka Sobrado, 48,
tia de Carla, disse que ela teve
intoxicação por excesso de ingestão de remédios. Ela afirma
que a família suspeita que Carla, mesmo com o acompanhamento de um médico e de um
psicólogo, tinha acesso a remédios para emagrecer sem receita médica por meio da internet.
Carla morava com os avós
maternos e com a mãe e cursava psicologia no Uniara (Centro Universitário de Araraquara) desde 2005. Mas, desde junho, ela não freqüentava mais
as aulas e tinha autorização para fazer provas e trabalhos em
casa em razão de sua saúde.
Em 2004, Carla ingressou no
curso de moda da Faculdade
Anhembi Morumbi, mas cursou menos de um ano, pois,
após uma crise nervosa, os parentes acharam melhor levá-la
de volta a Araraquara. Ainda
em 2004, Carla havia sido internada em uma clínica em São
Paulo para tratar a doença.
A avó dela, Maria Luiza Sobrado, disse que a neta já chegou a pesar 48 kg. "Ela sabia
que era bonita, mas se achava
gorda." "É uma alucinação essa
doença. É diabólica. Vai destruindo os neurônios. Ela ficou
seis meses dentro de casa, ficava muito na internet", disse.
Segundo a avó, Carla bebia
muita água durante o dia e depois ia para a balança se pesar.
"Depois de ir no banheiro, ela
pesava de novo", disse a avó.
De acordo com o tio, Carla
era uma menina "gordinha",
mas depois começou a emagrecer muito e os familiares só perceberam "depois de um certo
tempo" que isso poderia ser um
problema.
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