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Para amigas, preconceito na infância causou anorexia
Colegas de Carla dizem que, por ser gordinha, garota sofria com provocações na escola
Estudante de 21 anos morreu anteontem em Araraquara, provavelmente de anorexia nervosa, doença da qual vinha tratando havia 5 anos
AUDREY FURLANETO
DA REPORTAGEM LOCAL
MATHEUS PICHONELLI
DA REDAÇÃO
Amigas de Carla Sobrado Casalle, 21, que morreu anteontem em Araraquara provavelmente em decorrência de anorexia nervosa, acreditam que o
preconceito enfrentado na infância, quando era considerada
uma menina gordinha, pode ter
sido o responsável pela doença.
"Na infância, Carla sempre
foi gordinha", lembra Gisela
Bevilacqua Rolssen, 21, sobre a
amiga com quem estudou junto
da quarta série até o ensino médio. No colégio Progresso, em
Araraquara, Carla tinha o apelido de "Carla pão-de-queijo".
"Nos bailinhos da sexta série,
ela ficava de canto, meio triste,
porque não era tirada para dançar. Eu e meu irmão dançávamos com ela", diz Víctor Marcos da Silva.
Para Gisela, Carla era uma
garota fechada. "Ela sofria preconceito quando a gente era
criança. Não demonstrava muito pra mim. Mas acho que sofria escondida e isso virou um
trauma", diz. As duas se falaram pela última vez há duas semanas, quando Carla a convidou para sair. "Fiquei até surpresa. Ela disse que estava mais
animada e que ia se arrumar no
cabeleireiro para irmos a uma
balada. Mas não ligou depois."
Uma amiga que estudou com
a Carla da pré-escola até a oitava série, em Araraquara, conta
que, desde que se mudou para
São Paulo, para cursar faculdade de moda, a jovem começou a
apresentar sinais de depressão.
Na última vez que se encontraram, há aproximadamente
quatro meses, Carla já havia
voltado para Araraquara. Segundo a amiga, não havia se
adaptado à faculdade, o que teria complicado seu quadro.
Conforme a estudante de direito Nathalia Soubhia Robim,
21, Carla demonstrava preocupação com o peso e se achava
gorda. "Estava um "palito"
quando voltou de São Paulo,
mas tinha uma visão distorcida
dela mesma, achava que tinha
problemas com o corpo, mesmo quando todos diziam que
não. Andava muito deprimida,
mas por vários fatores."
Nathalia diz que havia conversado bastante com Carla nas
últimas vezes que se encontraram. Costumavam sair juntas.
Nessas ocasiões, o único alimento que ingeria era banana,
porque sofria de falta de potássio. "Mas chegou uma época em
que ela não comia mais nada."
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