Zeca Feitosa/Folha Imagem

O secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa

SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local

A crise do sistema penitenciário paulista ficou clara ontem durante a posse do novo secretário da Administração Penitenciária. Na mesma sala em que o secretário recém-empossado pedia que a sociedade adotasse as cadeias e presídios do Estado, um de seus colegas, no cargo há menos de um mês, denunciava que uma nova unidade da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) havia sido invadida pela vizinhança, que se recusa a receber os adolescentes infratores.
Ao mesmo tempo, o Ministério Público pedia a interdição do Cadeião de Santo André (Grande São Paulo), que abriga hoje 320 internos que ficaram sem vagas na Febem com a desativação da unidade Imigrantes, fechada após uma rebelião com quatro mortes.
Tudo isso acontece às vésperas do Natal, "um período em que o sentimento de liberdade aflora e que os tumultos são potenciais", nas palavras do próprio governador Mário Covas (PSDB).
"Sei que os desafios do momento são dramáticos", disse o novo secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, 50. "Mas a parceria com a sociedade civil organizada me parece a mais importante arma para a melhoria do sistema penitenciário."
"A sociedade quer soluções, mas não quer participar. Quer que os adolescentes saiam das cadeias, mas não quer recebê-los", reclamava depois o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Edsom Ortega.
Furukawa quer ampliar para as demais cadeias do Estado o projeto que implantou em Bragança Paulista (leia texto ao lado). Diz que quando trabalhou na Secretaria de Estado da Segurança Pública, de maio a agosto deste ano, cadastrou 20 cidades dispostas a adotar suas cadeias. Por enquanto, porém, o Estado não tem conseguido nem convencer esses municípios a receber as unidades da Febem.


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