São Paulo, Sábado, 18 de Dezembro de 1999


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Juiz assumiu presídio e devolveu troco

da Reportagem Local

O governador Mário Covas conheceu o novo secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, em 94, quando o então juiz de Bragança Paulista (80 km de SP) solicitou uma audiência com o governador e fez uma proposta: a comunidade local assumiria a cadeia se recebesse do governo apenas os R$ 45 mil mensais gastos à época com a alimentação de 150 presos.
Covas aceitou o desafio. "Mas tinha certeza de que o projeto duraria pouco e que teria que ter verba suplementada", disse, durante a posse de Furukawa.
A previsão falhou. Com o dinheiro, Furukawa, moradores e entidades civis de Bragança montaram a Apac (Associação de Proteção e Assistência Carcerária) e começaram a administrar a cadeia. De imediato, trocaram o fornecedor de comida, e o custo caiu à metade.
Com a sobra, a prisão foi reformada e ganhou um anexo de 230 m2. Em 93, ocorreram sete tentativas de fuga -o mesmo número registrado nos cinco anos decorridos depois da "adoção" feita pela cidade.
No ano seguinte, Covas foi sortear casas em Bragança e passou pela cadeia.
Não só viu que a coisa estava funcionando, como foi avisado pelo então juiz Furukawa que o dinheiro da comida estava sobrando e que o Estado receberia o troco em breve. "Não foi milagre, foi dinheiro bem gasto", afirma Furukawa.
Hoje, o anexo é usado como local de trabalho durante o dia e sala de aula à noite. Os presos ganham em média um salário mínimo por mês. A família recebe 75%. A Apac fica com 25% e usa o dinheiro na manutenção do presídio, quantia que soma com os R$ 45 mil que continua recebendo do Estado. Dos 210 presos, 160 trabalham.
Furukawa deixou a Vara de Execuções Penais de Bragança em maio, quando se aposentou. Trabalhou por três meses na Secretaria da Segurança Pública, e foi convidado pelo ministro José Carlos Dias (Justiça) para ocupar a presidência do Departamento Penitenciário Nacional, de onde foi retomado agora por Covas.
(SC)


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