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Juiz assumiu presídio e devolveu troco
da Reportagem Local
O governador Mário Covas
conheceu o novo secretário da
Administração Penitenciária,
Nagashi Furukawa, em 94,
quando o então juiz de Bragança Paulista (80 km de SP) solicitou uma audiência com o governador e fez uma proposta: a
comunidade local assumiria a
cadeia se recebesse do governo
apenas os R$ 45 mil mensais
gastos à época com a alimentação de 150 presos.
Covas aceitou o desafio.
"Mas tinha certeza de que o
projeto duraria pouco e que teria que ter verba suplementada", disse, durante a posse de
Furukawa.
A previsão falhou. Com o dinheiro, Furukawa, moradores
e entidades civis de Bragança
montaram a Apac (Associação
de Proteção e Assistência Carcerária) e começaram a administrar a cadeia. De imediato,
trocaram o fornecedor de comida, e o custo caiu à metade.
Com a sobra, a prisão foi reformada e ganhou um anexo
de 230 m2. Em 93, ocorreram
sete tentativas de fuga -o
mesmo número registrado nos
cinco anos decorridos depois
da "adoção" feita pela cidade.
No ano seguinte, Covas foi
sortear casas em Bragança e
passou pela cadeia.
Não só viu que a coisa estava
funcionando, como foi avisado
pelo então juiz Furukawa que o
dinheiro da comida estava sobrando e que o Estado receberia o troco em breve. "Não foi
milagre, foi dinheiro bem gasto", afirma Furukawa.
Hoje, o anexo é usado como
local de trabalho durante o dia
e sala de aula à noite. Os presos
ganham em média um salário
mínimo por mês. A família recebe 75%. A Apac fica com
25% e usa o dinheiro na manutenção do presídio, quantia que
soma com os R$ 45 mil que
continua recebendo do Estado.
Dos 210 presos, 160 trabalham.
Furukawa deixou a Vara de
Execuções Penais de Bragança
em maio, quando se aposentou. Trabalhou por três meses
na Secretaria da Segurança Pública, e foi convidado pelo ministro José Carlos Dias (Justiça)
para ocupar a presidência do
Departamento Penitenciário
Nacional, de onde foi retomado agora por Covas.
(SC)
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