São Paulo, Sábado, 18 de Dezembro de 1999


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GUARULHOS
Assessor da Câmara que denunciou vereadores receberá proteção policial
Testemunha é ameaçada de morte

da Reportagem Local

Uma das principais testemunhas de acusação de irregularidades cometidas por vereadores e pelo prefeito de Guarulhos (Grande São Paulo) sofreu ameaças de morte e, por isso, irá passar a receber proteção policial.
Sérgio Luís Deboni, que foi diretor-técnico da Câmara nos últimos 20 anos, entregou ao Ministério Público fitas gravadas no gabinete do vereador Fausto Martello (PPB), no ano passado, quando ele era presidente da Casa.
Em uma das gravações, o vereador Sebastião Bispo Alemão (PSDB) conta a Martello que o ex-prefeito da cidade Néfi Tales (PDT) cobrava 50% de pedágio nos pagamentos feitos à empresa Dos Arroios Construtora, responsável por obras na cidade.
Martello, em seguida, reclama que Tales teria se recusado a pagar pedágio a sua empresa, a Paupedra, que também fazia obras em Guarulhos. Alemão, então, responde que a Dos Arroios oferecia 50% do contrato ao prefeito, enquanto que a Paupedra dava "apenas 20%".
Após divulgar a fita, Deboni deixou a cidade. Anteontem, ele voltou e encontrou ameaças de morte em sua secretária eletrônica. Em uma das mensagens, um homem ameaça: "Aí, não adianta ficar se escondendo, não. Nós vamos te achar, seu pilantra!".
Temendo por sua segurança, Deboni procurou o promotor Nadim Mazloun, que prometeu providenciar a proteção policial. Além de Deboni, outras três testemunhas de acusação devem passar a receber proteção.
"É uma testemunha indispensável que está correndo risco de vida. Temos que garantir toda a segurança possível", afirmou o promotor Fábio Bechara.
Na tarde de ontem, o promotor se reuniu com o procurador-geral de Justiça do Estado, Luiz Antonio Marrey, para discutir os detalhes do esquema de segurança.
Em seu depoimento no Ministério Público, Deboni afirmou que Martello fez as gravações porque acreditava que outros vereadores estavam tentando armar um plano para tirá-lo da presidência da Câmara. Ele instalou a câmera e filmou as conversas com vereadores, com o objetivo de chantageá-los caso o golpe se consumasse.
Deboni acusou Martello e Tales de receberem R$ 1 milhão para aprovar uma lei que beneficiou postos de gasolina. Tales negou e disse que irá processá-lo. Martello não foi encontrado. (OC e CG)



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