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SAÚDE
Menina é a sexta a morrer em menos de uma semana no hospital Sofia Feldman, de Belo Horizonte
Infecção mata 6º bebê em maternidade
RANIER BRAGON
da Agência Folha, em BH
Morreu na madrugada de ontem mais um bebê na maternidade do hospital Sofia Feldman, região norte de Belo Horizonte
(MG), em decorrência de infecção
generalizada (septicemia).
Esse é o sexto bebê morto na
maternidade nessas circunstâncias, em menos de uma semana.
Dois bebês ainda estão com infecções, um deles em estado grave.
As ocorrências começaram no
domingo, quando um recém-nascido morreu, vítima da bactéria
Klebsiella. No dia seguinte, mais
um bebê morreu, com suspeitas
de que tenha sido infectado pela
bactéria Enterobacter, multirresistente à ação de antibióticos.
Dois dias depois, mais três bebês morreram, com confirmação
de que foram infectados pela Enterobacter. Todos os recém-nascidos mortos passaram pela unidade neonatal de médio risco da
maternidade, que abriga os bebês
com maior risco (prematuros,
com doenças cardíacas e dificuldades respiratórias). A unidade
foi interditada na noite de quarta-feira.
A dona-de-casa Célia Ferreira
Ribeiro, 31, mãe do recém-nascido morto ontem, disse que houve
demora no atendimento de sua filha, Ariela, que tinha seis dias de
vida.
"Se ela fosse atendida no tempo
certo, isso não teria acontecido".
Ribeiro disse que ainda não pensou se vai ou não acionar o hospital na Justiça.
Ainda não ficou esclarecida a
forma como as bactérias contaminaram a maternidade. Uma
comissão de sindicância foi formada anteontem pela Secretaria
Municipal da Saúde para investigar as possíveis causas das mortes
dos bebês.
Membros dessa comissão estiveram ontem na maternidade para iniciar as apurações. Eles têm
prazo até o próximo dia 26 para
apresentar conclusões. A comissão de infecção hospitalar do Sofia Feldman também está investigando as mortes.
O Ministério Público de Minas
determinou a abertura de inquérito civil público para apurar se
houve negligência do hospital.
Ontem, algumas mães que têm
filhos internados em outros berçários do hospital solicitaram a
transferência de seus bebês. A dona-de-casa Silvana da Silva, 26,
tentava a liberação do filho Marques, de 17 dias, prematuro de oito meses. "Os médicos disseram
que já desinfetaram tudo, mas a
gente fica com medo, nenhuma
mãe quer correr esse risco", disse.
O diretor clínico da maternidade, José Carlos da Silveira, 45, disse que espera a apuração dos fatos
pela maternidade e pela Secretaria da Saúde. "Deve-se levar em
conta que bebês de risco têm mais
chances de desenvolver infecções", disse.
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