São Paulo, Sábado, 18 de Dezembro de 1999


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SAÚDE
Menina é a sexta a morrer em menos de uma semana no hospital Sofia Feldman, de Belo Horizonte
Infecção mata 6º bebê em maternidade

RANIER BRAGON
da Agência Folha, em BH

Morreu na madrugada de ontem mais um bebê na maternidade do hospital Sofia Feldman, região norte de Belo Horizonte (MG), em decorrência de infecção generalizada (septicemia).
Esse é o sexto bebê morto na maternidade nessas circunstâncias, em menos de uma semana. Dois bebês ainda estão com infecções, um deles em estado grave.
As ocorrências começaram no domingo, quando um recém-nascido morreu, vítima da bactéria Klebsiella. No dia seguinte, mais um bebê morreu, com suspeitas de que tenha sido infectado pela bactéria Enterobacter, multirresistente à ação de antibióticos.
Dois dias depois, mais três bebês morreram, com confirmação de que foram infectados pela Enterobacter. Todos os recém-nascidos mortos passaram pela unidade neonatal de médio risco da maternidade, que abriga os bebês com maior risco (prematuros, com doenças cardíacas e dificuldades respiratórias). A unidade foi interditada na noite de quarta-feira.
A dona-de-casa Célia Ferreira Ribeiro, 31, mãe do recém-nascido morto ontem, disse que houve demora no atendimento de sua filha, Ariela, que tinha seis dias de vida.
"Se ela fosse atendida no tempo certo, isso não teria acontecido". Ribeiro disse que ainda não pensou se vai ou não acionar o hospital na Justiça.
Ainda não ficou esclarecida a forma como as bactérias contaminaram a maternidade. Uma comissão de sindicância foi formada anteontem pela Secretaria Municipal da Saúde para investigar as possíveis causas das mortes dos bebês.
Membros dessa comissão estiveram ontem na maternidade para iniciar as apurações. Eles têm prazo até o próximo dia 26 para apresentar conclusões. A comissão de infecção hospitalar do Sofia Feldman também está investigando as mortes.
O Ministério Público de Minas determinou a abertura de inquérito civil público para apurar se houve negligência do hospital.
Ontem, algumas mães que têm filhos internados em outros berçários do hospital solicitaram a transferência de seus bebês. A dona-de-casa Silvana da Silva, 26, tentava a liberação do filho Marques, de 17 dias, prematuro de oito meses. "Os médicos disseram que já desinfetaram tudo, mas a gente fica com medo, nenhuma mãe quer correr esse risco", disse.
O diretor clínico da maternidade, José Carlos da Silveira, 45, disse que espera a apuração dos fatos pela maternidade e pela Secretaria da Saúde. "Deve-se levar em conta que bebês de risco têm mais chances de desenvolver infecções", disse.


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