São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 2000

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VIOLÊNCIA
Assassinato do "maníaco do parque", anunciado durante o dia, não é confirmado por secretário de Administração Penitenciária
Rebelião em Taubaté causa cinco mortes

Clarice dos Santos/Folha Imagem
Fumaça sobre o teto da Casa de Custódia de Taubaté, na tarde de ontem; rebelião deixou cinco mortos; parte da cadeia está destruída


JOSÉ BENEDITO DA SILVA
EDITOR-ASSISTENTE DA FOLHA VALE

KEILA RIBEIRO
DA FOLHA VALE

Uma rebelião de presos iniciada às 8h de ontem na Casa de Custódia de Taubaté deixou cinco mortos até o início da noite de ontem.
O nome do motoboy Francisco de Assis Pereira, conhecido como "maníaco do parque" após ter sido preso em 98 acusado de matar sete mulheres, chegou a ser incluído na lista dos mortos pela assessoria da Secretaria de Estado da Segurança Pública.
Porém o secretário de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, negou que o maníaco estivesse entre os cinco mortos confirmados. Às 20h35, Furukawa disse não ter condições de afirmar com certeza se o motoboy estava vivo ou morto.
Inicialmente, a informação da morte de Pereira e dos outros quatro detentos havia sido dada por agentes penitenciários que deixaram a cadeia.
Segundo o secretário, os mortos confirmados até aquele horário eram Ademar dos Santos, Max Luiz Gusmão, Antônio Carlos (conhecido como "Bicho Feio"), Edson Bezerra e Sidney Bernardes.
Até as 20h30 de ontem eram mantidos 14 familiares de presos como reféns. Parte da cadeia foi destruída durante o motim.
Os agentes penitenciários que deixaram o presídio também citaram como um dos mortos o detento Pedro Rodrigues Filho, um justiceiro conhecido como Pedrinho Matador, acusado de mais de cem mortes, inclusive de companheiros de cela.
Os agentes penitenciários disseram ainda que o motoboy teria sido morto a tiros por um preso chamado Jonas Mateus.
Mateus, que teria recebido a visita de um primo hoje de manhã, foi apontado pela polícia como o líder da rebelião. Ele teria ainda matado dois policiais militares durante uma rebelião ocorrida em São Paulo.
Segundo a polícia, os rebelados estavam com três revólveres que teriam conseguido durante a visita de ontem.
A Casa de Custódia de Taubaté abriga outros presos considerados de alta periculosidade, como Francisco da Costa Rocha, conhecido como Chico Picadinho e Sônia Maria Rossi, a Maria do Pó, acusada pela CPI do Narcotráfico da Câmara dos Deputados de ser uma das principais traficantes do Estado.
A cadeia, que também tem presos com distúrbios psiquiátricos, já abrigou também o Bandido da Luz Vermelha e o cirurgião Hosmany Ramos.
A rebelião começou quando teve início o horário de visitas, às 8h. No pátio, onde são recebidas as visitas, os presos dominaram familiares e agentes penitenciários e anunciaram a rebelião.
Em seguida, os presos se dirigiram ao pavilhão, onde passaram a abrir as celas de duas alas laterais, com 80 presos cada uma.
A negociação com os rebelados começou por volta das 18h10 e estava sendo conduzida pelo diretor da Casa de Custódia de Taubaté, Ismael Pedrosa, e pela juíza-corregedora de Taubaté, Sueli Armani Zeraik.
Segundo o major Sebastião Hermes Modesto de Faria, comandante interino do 5º Batalhão da PM de Taubaté, as negociações deveriam avançar durante a noite de ontem.
Segundo ele, os rebelados estão exigindo a transferência de seis presos -cujos nomes não foram divulgados- e a melhoria das condições físicas do presídio.
Apesar da apreensão dos familiares que se concentravam na entrada do presídio, o comandante da PM disse que a polícia não entraria no presídio. "A possibilidade é de uma em mil", disse Faria.


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