São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 2000

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CLIMA
Pista teve 300 m de interdição; houve falta de energia elétrica e desabamentos
Chuva interdita trecho da marginal

MELISSA DINIZ
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Queda de árvores, falta de energia elétrica, 42 pontos alagados, vários desabamentos e um bloqueio de 300 metros nos dois sentidos da marginal Tietê foram as principais consequências da chuva que atingiu São Paulo no final de semana. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), entre anteontem e ontem foram registrados 68,2 milímetros em volume de precipitação.
De acordo com o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), 29 dos 42 pontos de alagamento registrados no fim-de-semana ocorreram no domingo.
O caso mais crítico foi a interdição da pista expressa da marginal Tietê sob a ponte Aricanduva. O fechamento ocorreu na noite de anteontem e foi mantido até a tarde de ontem. Um lado da pista no sentido Lapa-Penha foi liberado no início da noite de ontem, quando o nível do rio já havia baixado pouco mais de um metro.
Outros 19 pontos ficaram intransitáveis, 8 deles também na marginal Tietê. Fora da marginal, alagaram locais como o viaduto Washington Luís, av. Nicolas Boer, ponte Bernardo Goldfarb e a av. Magalhães de Castro, na altura do acesso à USP.
Em Aricanduva, as pistas vizinhas à marginal ficaram cobertas de lama e de lixo, principalmente garrafas plásticas, devido ao transbordamento do rio. Josué Barbosa, que fez plantão durante a madrugada de ontem num posto de gasolina na avenida Aricanduva, disse que a água começou a subir por volta das 23h de anteontem e continuou subindo até as 3h de ontem.
Ele contou que seis carros passaram a noite no posto por não conseguirem atravessar a avenida, inclusive uma família com um bebê. "A gente avisa o pessoal que aqui enche de água, mas ninguém acredita. Pensam que a gente quer que eles vão embora", disse.
Apesar de o posto funcionar como abrigo na época das chuvas, Barbosa disse que foi surpreendido pela enxurrada. "A gente já fica esperando em janeiro e fevereiro. Mas neste ano a chuva começou mais cedo."
Na Vila Madalena (região sudoeste), uma casa desabou na esquina das ruas Harmonia e Wisard. A casa, que estava interditada pela Justiça, abrigava a Elétrica Rica. Segundo o gerente do estacionamento vizinho, que se identificou somente como José Carlos, a chuva apenas antecipou o desabamento, pois a construção era antiga e o telhado estava tomado de cupins.
A dona da casa mora no Guarujá, mas ele não soube informar seu nome ou telefone porque o escritório estava fechado. Um Gol, placas CBA-4464, foi atingido por destroços do desmoronamento. Até a tarde de ontem, o dono não havia tirado o carro do local.

Guaianazes
Segundo a Defesa Civil Estadual, o bairro mais atingido por desabamentos no dia de ontem foi Guaianazes (zona leste), onde foram registradas quatro ocorrências. Algumas pessoas ficaram ilhadas na região durante a madrugada de ontem. No bairro de Cangaíba, também na zona leste, um barraco desabou e outros 15 ficaram em estado de atenção por conta dos deslizamentos. No Tremembé (zona norte), uma casa caiu e três ficaram na iminência de desabamento, segundo os bombeiros.
De acordo com a Eletropaulo, pelo menos nove bairros ficaram sem energia na madrugada de ontem. A ocorrência mais grave foi registrada no Parque do Jabaquara (zona sul), onde um cabo rompeu deixando alguns trechos do bairro sem iluminação por seis horas. Durante o dia, a região da avenida Paulista (centro) ficou sem energia por 25 minutos.
Na tarde de ontem, um engavetamento envolvendo dois ônibus e três carros deixou 12 pessoas levemente feridas na rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro.
A chuva foi a causa provável do acidente. Ainda na Dutra, um acidente na madrugada de ontem matou duas pessoas. O carro derrapou na pista molhada e caiu em uma ribanceira.


Colaborou Flávia de Leon, da Reportagem Local


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