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SEGURANÇA
Proposta será discutida com Estados e Judiciário
Governo quer tirar o depoimento de suspeitos do inquérito policial
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando
Corrêa, tentará convencer governadores e secretários estaduais da
área a mudar o inquérito policial,
eliminando o depoimento dos
suspeitos e restringindo o trabalho à elaboração de um relatório
das provas encontradas.
Após a adesão formal de todos
os Estados ao Sistema Único de
Segurança Pública (Susp), Corrêa, que assumiu o cargo no mês
passado, planeja uma reunião
com representantes dos Estados,
do Ministério Público e do Judiciário para definir o novo modelo
do inquérito. Não há necessidade
de alteração da lei, apenas mudanças pontuais nas instruções
normativas das polícias.
Na avaliação de Corrêa, o novo
inquérito pode trazer mais agilidade às polícias, porque os investigadores, nesse caso, teriam apenas de obter dados, em vez de se
preocupar com questionamentos
de advogados ou acusados.
O depoimento dos suspeitos
ocorreria só durante o processo.
Com isso, o poder público corrige
uma distorção, diz Corrêa. Hoje,
criminosos têm tempo para se organizar e praticar os crimes antes
que o Estado perceba sua ação.
Quando o inquérito é aberto, os
suspeitos podem acompanhar e,
eventualmente, atrapalhar.
Para evitar isso, Corrêa afirma
que deseja um inquérito com caráter exclusivamente "inquisitorial". Ao se limitar a reunir as provas, a polícia deixaria o Ministério
Público em pé de igualdade na
quantidade de informações com
os criminosos. "No dia em que
um policial falar com a mesma
linguagem de promotor e juiz,
pobre da sociedade que depende
dele", afirmou Corrêa.
Questionado se o novo modelo
de inquérito eliminaria o indiciamento feito pelo delegado -procedimento apenas formal que
pouco representa no processo-,
o secretário afirmou que considera a questão "irrelevante".
As mudanças pretendidas pelo
secretário têm o aval do ministro
da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Os dois buscam, agora, convencer os governadores.
A idéia vai ser apresentada por
Bastos e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reunião com
os 27 governadores prevista para
celebrar a adesão de todos os Estados ao Susp. A data da reunião
não foi divulgada.
Para complementar o sistema,
Corrêa promove hoje o lançamento de um sistema nacional de
estatísticas de criminalidade, que
tem o objetivo de padronizar o
lançamento das ocorrências policiais no país. "Vamos ter uma polícia eminentemente técnica", disse o secretário nacional.
Segundo Corrêa, a implementação do Susp deve ser acelerada
nos próximos meses, elevando ao
menos a integração dos Estados.
Estuda-se a criação de um Gabinete de Gestão Integrada para a
região Nordeste, a exemplo do
que foi criado no Sudeste.
O gabinete regional reúne as polícias de cada Estado e o Ministério Público e tem o objetivo de fazer seus integrantes conhecerem
as investigações dos demais.
Corrêa afirma que a criminalidade vem aumentando nos Estados nordestinos, com as quadrilhas se movimentando pelos limites interestaduais.
Mudança constitucional
Já está com o secretário o texto
da proposta de emenda constitucional (PEC) que elimina a previsão sobre o papel das polícias da
Carta. O documento deve seguir
para o Congresso após a reunião
de Lula com os governadores.
O projeto mantém os serviços
policiais que a população deve receber (policiamento investigativo, ostensivo, de ordem pública,
defesa civil e de bombeiros), mas
retira a obrigatoriedade de o Estado ter duas polícias (Civil e Militar). Caso a PEC seja aprovada, os
Estados poderão unificar suas polícias ou criar novas corporações.
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