São Paulo, terça-feira, 18 de dezembro de 2007

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Mulher morre, e família diz que farmácia negou remédio por R$ 10

Drogaria se recusou a vender bomba para asma, dizem familiares da vítima

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

A família da estudante universitária e recepcionista Viviane Barbosa, 29, morta na semana passada após sofrer uma crise de asma, diz que uma farmácia de Salvador se recusou a vender um produto que seria levado a ela porque faltavam R$ 10 para a compra -uma "bombinha" usada por quem sofre de asma brônquica.
Sem o produto, afirma a família, ela teve de ser levada ao hospital e morreu em seguida.
O Ministério Público da Bahia está investigando o caso e marcou para amanhã uma audiência com familiares.
Soraia Brito Barbosa, 46, mãe de Viviane, conta que a filha, que tinha asma brônquica, passou mal na noite da última quarta-feira e foi levada pelo padrasto, Renê Borges Moreira, até a farmácia mais próxima.
"Na correria, ele saiu sem muito dinheiro na carteira. A minha filha ficou no carro, estava quase desmaiada, e ele pediu para a atendente vender para ele, mostrou documentos, disse que era urgente. Ela disse que não queria documentos e que, se ele quisesse levar o remédio, tinha que pagar", diz.
Ainda segundo ela, Viviane morreu, já no hospital, meia hora após o padrasto chegar à farmácia. Ela era estudante de pedagogia e mãe de dois filhos.
A mãe de Viviane diz não ter intenção de fazer queixa-crime na polícia. "A justiça é só Deus quem faz", afirma. Já as irmãs de Viviane querem processar o estabelecimento por omissão.
De acordo com o promotor Valdemir Leão, do Nacres (Núcleo de Apuração de Crimes Relativos a Erros na Área de Saúde), é preciso esperar o resultado da necropsia para saber se houve relação entre a morte e a ausência do atendimento.
Segundo ele, a Promotoria poderá instaurar uma ação por omissão de socorro contra a atendente, mas ainda será necessário provar que houve dolo (intenção) em não prestar socorro mesmo sabendo que poderia prejudicar a estudante.
A reportagem tentou ouvir o gerente da farmácia, mas um funcionário disse que ninguém poderia comentar o caso.


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