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CIDADANIA
Começa no RS Fórum Mundial de Educação
Só programa de alfabetização não basta, afirma relatora da ONU
DA REPORTAGEM LOCAL
Combater o analfabetismo é
importante, mas não suficiente
para garantir os direitos básicos
do cidadão. A avaliação é da relatora da ONU para o direito à educação, Katarina Tomasevski, participante do 2º Fórum Mundial de
Educação, que começa hoje e vai
até quarta em Porto Alegre.
O evento, cujo tema principal é
educação e transformação, deve
reunir, segundo a organização, 15
mil pessoas de cem países, justamente com o objetivo de criticar
modelos e propor alternativas.
"Estamos num momento de
transição de paradigmas. Temos
de nos perguntar que educação
queremos", afirma Eliezer Pacheco, coordenador-geral do fórum.
Segundo ele, o fórum elaborará
sugestões que possam ser transformadas em políticas públicas.
"Participam do encontro não só
representantes de ONGs, mas
também governos de cidades, Estados e países."
Segundo a relatora Tomasevski,
além de lutar contra o analfabetismo, é preciso que o Estado garanta pelo menos quatro anos de
educação básica para toda a população. O programa de alfabetização foi eleito pelo governo Lula
como prioridade na educação.
"Alfabetização e educação são
duas coisas muito distintas. O mínimo de uma educação que dura
toda a vida são quatro ou cinco
anos. Um programa de alfabetização, seja de três ou seis meses, não
tem impacto para facilitar que as
pessoas aprendam por si mesmas", declara Tomasevski.
Para a relatora, o efeito social de
um programa só de alfabetização
é menor. "Pobreza é um problema gravíssimo no Brasil. Que tipo
de prioridade terá o programa de
alfabetização? Esse programa vai
ajudar também as pessoas a saírem da pobreza? A alfabetização,
por si mesma, não cumpre com o
direito à educação."
Ela também aponta a necessidade de uma política mais ampla para o ensino médio no país. "Não vi
uma política de educação secundária, que é o problema mais grave em todo o mundo. Existe uma
política de educação fundamental
e existe, mais ou menos, uma política de educação universitária,
mas não vi uma política secundária para os jovens de 14 a 18 anos."
Sobre a política dos anos FHC
na educação, Tomasevski diz que
o país tem um modelo "muito
bom". "As garantias constitucionais e legais no Brasil são melhores do que internacionalmente."
O Ministério da Educação não
comentou as declarações.
A relatora disse que a falta de
verba para educação é um dos
maiores entraves do setor. Para
ela, a corrupção é responsável por
se perder muito dinheiro no Brasil e no mundo todo.
O Brasil é o primeiro país a ter
uma Relatoria Nacional para o
Direito à Educação, disse Tomasevski. O órgão, inspirado em seu
similar da ONU, foi criado em outubro. Segundo o relator, Sérgio
Haddad, ele recebe e encaminha
denúncias como falta de vagas em
escolas públicas e desrespeito à
educação indígena. Os casos devem ser enviadas ao e-mail educacao@dhescbrasil.org.br.
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