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Disfunção sexual pode gerar depressão
DO "AGORA"
Pesquisas indicam que 5% das
mulheres entre 20 e 45 anos possuem algum tipo de disfunção sexual crônica -em geral, falta de
desejo ou dificuldade para atingir
o orgasmo. Já 15% das mulheres
enfrentam esse problema, de forma temporária, em algum momento de suas vidas.
O pesadelo se amplia por três
razões. Primeiro porque, por vergonha de se expor -mesmo no
ambiente restrito de um consultório-, essas mulheres demoram a procurar auxílio médico.
"Enquanto o homem com disfunção sexual demora de dois a
quatro anos para contar seu problema ao médico, as mulheres só
procuram ajuda seis ou até dez
anos depois", diz o neurologista
Cláudio Péricles, gerente do laboratório Glaxo no Brasil.
Outro problema é que muitas
vezes as mulheres que apresentam disfunções sexuais se tornam
ansiosas e depressivas. "Metade
das pacientes que têm queixas sexuais desenvolve depressão",
conta o médico.
O terceiro problema é o diagnóstico errado. "Quando a mulher relata a depressão, o médico
pergunta se isso não piora durante a menstruação", diz Péricles. "E
a resposta é sim, porque a menstruação altera mesmo o humor da
mulher. Por causa disso, então, o
médico pode, equivocadamente,
identificar o problema como
TPM [tensão pré-menstrual" e
tratar a paciente com medicamentos que não vão fazer efeito",
afirma o neurologista.
Se a mulher estiver perto dos 40
anos, o médico pode identificar a
depressão como sintoma da menopausa -outro equívoco que
levará a um tratamento inócuo.
Pior: até pouco tempo atrás,
mesmo quando o problema era
identificado corretamente, os remédios disponíveis não resolviam corretamente a disfunção.
Eles mexiam com a serotonina,
substância produzida pelo cérebro e que reduz o desejo sexual.
Quando uma outra droga, a bupropiona -que age sobre a dopamina, outra substância que
atua no cérebro-, começou a ser
testada como antidepressivo entre 66 mulheres norte-americanas, o resultado foi surpreendente: 40% delas descreveram como
principal efeito colateral o aumento -em até 150%- de seu
desejo sexual. Houve até relatos
de orgasmos espontâneos. Outro
efeito colateral apresentado foi o
emagrecimento.
A droga ainda está sendo testada, agora em um grupo de 300
mulheres, mas o medicamento já
está à venda, em forma de comprimidos, com o nome comercial
de Wellbutrin.
Para a médica A.C.G., que foi
procurar tratamento em agosto
do ano passado por causa da ansiedade, os efeitos colaterais foram positivos. Além de emagrecer, A. ainda aumentou seu desejo
sexual. "Pude comprovar o efeito
e passei a recomendar às minhas
pacientes também", conta.
O tratamento dura de três meses a um ano. "Mas o remédio não
faz efeito quando o problema não
é orgânico, mas psicológico
-por exemplo, se a mulher não
consegue ter orgasmo com uma
determinada pessoa", afirma o
psiquiatra Antônio Resende.
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