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São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 2003

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Disfunção sexual pode gerar depressão

DO "AGORA"

Pesquisas indicam que 5% das mulheres entre 20 e 45 anos possuem algum tipo de disfunção sexual crônica -em geral, falta de desejo ou dificuldade para atingir o orgasmo. Já 15% das mulheres enfrentam esse problema, de forma temporária, em algum momento de suas vidas.
O pesadelo se amplia por três razões. Primeiro porque, por vergonha de se expor -mesmo no ambiente restrito de um consultório-, essas mulheres demoram a procurar auxílio médico.
"Enquanto o homem com disfunção sexual demora de dois a quatro anos para contar seu problema ao médico, as mulheres só procuram ajuda seis ou até dez anos depois", diz o neurologista Cláudio Péricles, gerente do laboratório Glaxo no Brasil.
Outro problema é que muitas vezes as mulheres que apresentam disfunções sexuais se tornam ansiosas e depressivas. "Metade das pacientes que têm queixas sexuais desenvolve depressão", conta o médico.
O terceiro problema é o diagnóstico errado. "Quando a mulher relata a depressão, o médico pergunta se isso não piora durante a menstruação", diz Péricles. "E a resposta é sim, porque a menstruação altera mesmo o humor da mulher. Por causa disso, então, o médico pode, equivocadamente, identificar o problema como TPM [tensão pré-menstrual" e tratar a paciente com medicamentos que não vão fazer efeito", afirma o neurologista.
Se a mulher estiver perto dos 40 anos, o médico pode identificar a depressão como sintoma da menopausa -outro equívoco que levará a um tratamento inócuo.
Pior: até pouco tempo atrás, mesmo quando o problema era identificado corretamente, os remédios disponíveis não resolviam corretamente a disfunção. Eles mexiam com a serotonina, substância produzida pelo cérebro e que reduz o desejo sexual.
Quando uma outra droga, a bupropiona -que age sobre a dopamina, outra substância que atua no cérebro-, começou a ser testada como antidepressivo entre 66 mulheres norte-americanas, o resultado foi surpreendente: 40% delas descreveram como principal efeito colateral o aumento -em até 150%- de seu desejo sexual. Houve até relatos de orgasmos espontâneos. Outro efeito colateral apresentado foi o emagrecimento.
A droga ainda está sendo testada, agora em um grupo de 300 mulheres, mas o medicamento já está à venda, em forma de comprimidos, com o nome comercial de Wellbutrin.
Para a médica A.C.G., que foi procurar tratamento em agosto do ano passado por causa da ansiedade, os efeitos colaterais foram positivos. Além de emagrecer, A. ainda aumentou seu desejo sexual. "Pude comprovar o efeito e passei a recomendar às minhas pacientes também", conta.
O tratamento dura de três meses a um ano. "Mas o remédio não faz efeito quando o problema não é orgânico, mas psicológico -por exemplo, se a mulher não consegue ter orgasmo com uma determinada pessoa", afirma o psiquiatra Antônio Resende.



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