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Bombeiros prestaram homenagem às vítimas, entre as quais Felipe, na cerimônia acompanhada por mais de 500 pessoas
Enterro coletivo causa comoção em Minas
LEONARDO WERNER
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM
BELO HORIZONTE
Em clima de revolta, mais de
500 pessoas acompanharam ontem em Belo Horizonte o enterro
de 13 das quase quarenta vítimas
das chuvas que atingem Minas
Gerais desde quinta-feira.
De acordo com a Defesa Civil, a
temporada de chuva já causou a
morte de 38 pessoas em todo o Estado. Outras 95 ficaram feridas e
cerca de 1.200 estão desabrigadas.
No enterro coletivo de ontem,
compareceram ao cemitério da
Saudade, na periferia da capital
mineira, moradores dos bairros
Vila Cafezal, onde uma família de
quatro pessoas morreu, e Morro
das Pedras, onde nove crianças e
adolescentes, também de uma só
família, perderam a vida. Muitos
carregavam placas com os dizeres: "Queremos justiça".
Houve princípio de tumulto no
início do sepultamento. As pessoas queriam se aproximar do túmulo onde seriam enterrados os
irmãos Felipe, 10, Samuel, 8, e
Cleiton, 7.
Cinco soldados do Corpo de
Bombeiros fizeram o isolamento
do local, para permitir a aproximação dos pais, o lavador de carros Antônio José Laurêncio e Valdezita dos Santos.
O momento de maior emoção
aconteceu durante o sepultamento de Felipe, que chegou a ser resgatado com vida após passar quase 15 horas debaixo de lama e escombros, mas morreu anteontem. Houve toque de trombeta
em uma homenagem dos bombeiros às vítimas.
Enquanto isso, bombeiros, parentes e amigos choravam muito.
Uma mulher chegou a desmaiar.
Cláudia Gonçalves e Cláudio Laurêncio, tios dos meninos mortos,
tiveram crises nervosas e foram
contidos por amigos e parentes.
Os demais filhos e sobrinhos de
Laurêncio foram enterrados em
duas outras covas. Nas despedidas, o lavador de carros chorava
de forma compulsiva. "Vai ficar
muita lembrança. Nós éramos
amigos, uma família unida. Meus
meninos eram educados", disse
Laurêncio.
Representantes das localidades
atingidas deverão se reunir amanhã com o governador Aécio Neves (PSDB) para discutir medidas
de socorro e de prevenção.
Em Minas Gerais, a ocorrência
mais grave de ontem em relação
às chuvas aconteceu em Juiz de
Fora, na Zona da Mata, onde duas
crianças morreram soterradas
durante a madrugada devido a
um deslizamento.
Novas quedas
Uma mulher de 20 anos e suas
duas filhas, de 1 e 3 anos, morreram soterradas na madrugada de
ontem pela queda de um barranco sobre sua casa, no município
de Valença (a 150 km do Rio).
Durante a tempestade, o açude
da fazenda Veneza transbordou,
abrindo uma cratera de lado a lado na estrada que liga a BR-393 ao
distrito de Conservatória.
Em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, o deslizamento de
uma casa de alvenaria, também
provocado pelas chuvas, seguido
de uma explosão de um botijão de
gás, às 20h de anteontem, deixou
16 feridos.
Vulnerabilidade
O ministro das Cidades, Olívio
Dutra, anunciou ontem que fará
um ""mapeamento detalhado" das
áreas de risco ocupadas por habitações em todo o país. O objetivo
é adotar medidas preventivas
contra tragédias como deslizamentos de terras.
Olívio pretende, em parceria
com o Ministério da Justiça, regularizar assentamentos urbanos,
transferindo as pessoas para locais ""menos vulneráveis a fenômenos meteorológicos".
Colaboraram a AGÊNCIA FOLHA e a SUCURSAL DO RIO
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