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O PODER DO CRIME
PCC lidera 27 mil presos em 19 cidades de SP na maior rebelião da história do país
Evelson de Freitas/Folha Imagem
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Presos rebelados na Casa de Detenção, no complexo do Carandiru, de onde 9 líderes do PCC foram transferidos na sexta-feira |
Motim mostra força da facção no sistema prisional do Estado
Motins deixaram pelo menos 8 mortos e 22 feridos na capital
DA REPORTAGEM LOCAL
DAS REGIONAIS
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma rebelião simultânea em 24
presídios de São Paulo deixou ontem pelo menos 8 mortos e 22 feridos. Cerca de 27 mil presos
-quase a metade dos 60 mil condenados que cumprem pena no
Estado- começaram a dominar,
por volta das 12h, penitenciárias
em 19 cidades. Foi a maior rebelião na história do país.
Por trás do motim estão integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção do sistema prisional paulista ligada à
corrupção de funcionários, tráfico de drogas, assassinatos e extorsões de presos, além do planejamento de assaltos milionários e
de resgates de presos.
Eles exigiam o retorno de nove
supostos líderes para a Casa de
Detenção e a Penitenciária do Estado, no complexo do Carandiru,
zona norte de São Paulo, transferidos para unidades do interior.
Na última sexta, a tropa de choque da Polícia Militar ocupou os
pavilhões 8 e 9, após seis mortes
atribuídas ao PCC, e os ""cabeças"
do grupo foram retirados dali sem
que houvesse possibilidade de
reação dos demais.
O motim estourou primeiro em
seis penitenciárias, a maioria na
capital. Os 7.200 presos da Casa de
Detenção e 2.500 da Penitenciária
do Estado, ambos no Carandiru,
assumiram o controle dos pavilhões e mantiveram funcionários
e familiares de detentos reféns.
Em série, outros presídios foram estourando a partir disso. A
revolta surpreendeu o governo do
Estado, que mantinha a PM de
prontidão por causa das transferências. ""Nunca tínhamos tido rebelião em dia de visitas. Eles não
respeitaram as visitas", disse o secretário Nagashi Furukawa, da
Administração Penitenciária.
Às 16h, Furukawa e o secretário
da Segurança Pública de São Paulo, Marco Vinicio Petrelluzzi,
abandonaram as negociações. O
retorno dos detentos ao Carandiru era inegociável, disseram os
dois no começo da noite.
Cerca de 2.000 homens da tropa
de choque, que cercavam os presídios amotinados, receberam ordem para invadir. ""Sabemos que
houve vários confrontos, mas ainda não tivemos como fechar o número total de feridos e mortos",
disse Petrelluzzi.
No começo da madrugada de
ontem, estouraram mais duas rebeliões, em delegacias da capital
paulista: 20º DP (Água Fria) e 38º
DP (Vila Amália).
Mortes
No final da noite, a Secretaria da
Segurança Pública confirmou as
mortes de dois presos no CDP
(Centro de Detenção Provisória)
do Belém, zona leste de São Paulo,
de outras três pessoas no Carandiru e de mais três em Guarulhos
(na região metropolitana).
Até o fechamento desta edição,
a PM não sabia informar se as vítimas eram presos ou reféns. A situação já estava controlada em 11
das 24 penitenciárias.
Já havia acabado no Centro de
Detenção Provisória do Belém e
na Penitenciária Feminina, ambos na capital, e nas penitenciárias de São Vicente, Presidente
Venceslau, Mirandópolis, Campinas, Avaré, Sorocaba, Hortolândia, Iperó e Assis.
Na Casa de Detenção e na Penitenciária do Estado a rebelião continuava. Em Araraquara e Tremembé, as negociações foram interrompidas às 22h e devem ser retomadas hoje de manhã.
Nas três unidades prisionais de Ribeirão Preto -Vila Branca, unidade 2 e penitenciária- as rebeliões também continuavam e as negociações não haviam sido interrompidas até o fechamento desta edição.
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