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O PODER DO CRIME
Cerca de 6.000 pessoas foram impedidas de sair da Casa de Detenção e da Penitenciária durante rebelião; criança de 4 anos foi ferida
Reféns começam a ser soltos após 11 horas
MELISSA DINIZ
KÁTIA STRINGUETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos 300 homens da tropa de choque da PM se mantinham de prontidão na Casa de
Detenção ontem à noite. Por volta
das 23h30, cerca de 30 pessoas foram retiradas em um ônibus da
corporação. Outros dois microônibus estavam no presídio.
Desde o início da rebelião, às
12h, cerca de 6.000 familiares de
presos e funcionários eram impedidos de sair da Casa de Detenção
e da Penitenciária do Estado.
No pronto-socorro de Santana,
a PM confirmou a entrada de três
mortos. Não se sabia se eram presos ou familiares de detentos.
Segundo o secretário estadual
da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, dois presos da
Casa de Detenção teriam sido
mortos pelos policiais que vigiam
a muralha do presídio. Eles teriam
dito que os detentos atiraram e
que eles tiveram que revidar. Isso
será investigado pela secretaria.
De acordo com Petrelluzzi, as
negociações devem ser retomadas
mais intensamente a partir das 5h
de hoje.
Na Casa de Detenção, 27 funcionários feitos reféns teriam sido
colocados na frente no portão do
pavilhão 9, com o objetivo de formar uma barreira humana.
Com a rebelião, toda a área administrativa da Penitenciária do
Estado foi destruída e os processos foram rasgados e queimados.
A rebelião começou ao meio-dia e envolveu 2.500 presos da Penitenciária do Estado, que mantiveram 2.000 reféns, e 7.200 presos
da Casa de Detenção, que fizeram
4.000 pessoas reféns entre parentes e funcionários.
Por volta das 17h30, a tropa de
choque invadiu o presídio e dez
minutos depois foram ouvidos
disparos. Ao ver a tropa de choque invadir o presídio, parentes
dos presos que estavam do lado
de fora entraram em pânico e aos
gritos de "assassinos" e "covardes", começaram a atiram garrafas de água e latas nos policiais.
Para conter o movimento dos
familiares dos presos, a PM isolou
a área e atirou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Por volta das 18h, os presos
atearam fogo nos colchões e dez
minutos depois acenaram das janelas com lençóis brancos. Em
um deles havia uma inscrição
alertando "temos visitantes", em
outros "estamos com crianças e
reféns" e em outro "Paz".
A advogada Lucineide Ferreira
Costa, feita refém e libertada ontem à noite, disse que "os demais
reféns devem ser libertados amanhã (hoje) cedo".
Feridos
No Pronto-Socorro Municipal
Dr. Lauro Ribas Braga, no bairro
de Santana, foram atendidos 13
carcereiros e duas parentes de
presidiários.
"Eles (os presos) falavam que
iam me matar e arrancar meu coração", disse o agente penitenciário Marcos José Ferreira, 36, que
teve vários ferimentos.
"Só volto lá quando tiver segurança, mas estou com vontade de
pedir meu afastamento", afirmou
Albertino Guerra, 62, que é funcionário da Penitenciária do Estado há oito anos.
Uma menina de 4 anos e sua
mãe foram atendidas no pronto-socorro infantil da Santa Casa
com ferimentos na cabeça e no
peito. De acordo com Elaine Ferreira, 29, prima da menina, ela foi
ferida por estilhaços de uma bomba jogada por policiais. Foram levados para o mesmo hospital três
feridos (dois policiais, baleados, e
um agente de segurança).
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