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MEGARREBELIÃO
Alckmin diz que o governo não vai permitir que o crime organizado domine o sistema penitenciário paulista
"Líderes do PCC não voltam ao Carandiru"
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador em exercício Geraldo Alckmin (PSDB) disse ontem que o Estado não permitirá
que os líderes do Primeiro Comando da Capital voltem para a
Casa de Detenção, como os presos rebelados estavam exigindo.
"Quero deixar claro que o governo não vai permitir que o crime
organizado domine o sistema penitenciário paulista", afirmou.
"A ação do governo é firme neste sentido: aqui só há um comando, que é o do governo, a e polícia
está orientada no sentido de fazer
seu trabalho", afirmou.
Segundo o governador em exercício, "a tropa de choque é uma
polícia de elite, com competência,
bom-senso, no sentido de manter
essa determinação". Alckmin disse ainda que a transferência dos líderes foi feita para desmontar o
crime organizado. "O governo
não vai voltar", afirmou.
O ministro da Justiça, José Gregori, disse ontem que, apesar das
"deficiências no sistema, nada
justifica" a ocorrência dos motins.
Segundo ele, a "sintonia em vários presídios ao mesmo tempo
preocupa". "Apesar das providências todas dependerem do governo estadual, já estou me entendendo com autoridades estaduais
para colocar tudo à disposição",
afirmou o ministro.
Outras virão
O advogado Luiz Flávio Borges
D'Urso, membro do Conselho de
Política Criminal e Penitenciária
do Ministério da Justiça e presidente da Associação Brasileira
dos Advogados Criminalistas,
disse que o Estado deve reconhecer o nível de organização criada
pelos presos e se preparar para
novas rebeliões.
"Com tantos reféns e tantas rebeliões ao mesmo tempo, só resta
ao governo negociar. Não há como enfrentar um movimento tão
organizado, com uma ação orquestrada dessa forma e com centenas de reféns."
Na sua opinião, as técnicas de
controle de rebelião não funcionam quando os motins acontecem em vários presídios ao mesmo tempo envolvendo um número grande de reféns. Em rebeliões
isoladas, o tempo joga a favor do
Estado, que mina a resistência dos
rebelados cortando água, luz, comida, e tentando dividir o comando dos presos.
Ontem, o advogado disse que o
Estado tinha de reconhecer o nível de organização dos presos e
preparar-se para lidar com a situação. "Tenho certeza de que
não será a última rebelião. Resolvida a questão emergencial, será
necessário se preparar para esse
cenário novo dentro do sistema."
O presidente nacional da OAB,
Rubens Approbato Machado, criticou o sistema prisional brasileiro. Ontem à tarde, quando a situação das rebeliões ainda estava
indefinida, ele disse que "as autoridades policiais precisam ter
prudência na hora de reprimir o
movimento", lembrando das
mortes de 111 presos no Carandiru em uma invasão da polícia para conter uma rebelião, em 1992.
"A sociedade precisa saber que
tudo isso acontece porque temos
um sistema prisional falido. Muitas prisões brasileiras foram
transformadas em campos de
concentração e, em vez de cumprirem sua tarefa de reeducar o
preso, servem como escolas de
crimes", afirmou ele em nota.
"Para que isso acabe, precisamos de uma outra revolução, nos
gabinetes, para repensar e mudar
todo o sistema penitenciário."
Colaborou a Sucursal de Brasília
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