São Paulo, quinta, 19 de fevereiro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AEROPORTOS
Folha e Contru constatam irregularidades como falta de sinalização, extintores obstruídos e porta bloqueada
Irregularidade favorece fogo em Congonhas

RITA NAZARETH
da Reportagem Local

O aeroporto de Congonhas, em São Paulo, tem irregularidades que favorecem a ocorrência de incêndios e dificultam salvamentos e o combate ao fogo.
As irregularidades foram constatadas em visita feita pela Folha - acompanhada por um engenheiro do sindicato dos aeroviários- e confirmadas pelo Contru, departamento da prefeitura paulistana que fiscaliza as condições de segurança de edifícios.
Segundo Rubens Brandão, diretor do Contru, vistorias feitas na sexta-feira passada e anteontem apontaram "risco iminente" de incêndio no local.
Apesar disso, o órgâo -que nunca vistoriou o aeroporto antes do incêndio que destruiu o Santos Dumont, no Rio- diz estar sobrecarregado pelo Carnaval e prometeu só para a próxima semana um laudo oficial (leia abaixo).
A visita feita pela Folha constatou que há falta de sinalização das rotas de fuga e da localização de extintores no saguão do aeroporto. Na área de administração, no segundo andar, há porta de emergência trancadas a chave.
Também foram encontrados extintores cujo acesso está obstruído por cinzeiros (cinco casos) e por cadeiras (dois casos). Há ainda unidades sem adesivo em forma de seta indicando sua localização e setas que indicam lugares em que não há extintor.
Em três locais, há unidades sem lacre, o que causa incerteza quanto ao extintor estar ou não carregado.
Tudo isso contraria as normas básicas de segurança do Contru. Segundo o engenheiro Marcos Lemos, especialista em perícias judiciais que assessora o sindicato dos aeroviários, esse é um procedimento totalmente irregular também de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho.
O Contru também detectou as irregularidades. "Vimos tudo, mas ainda não se pode falar em interdição do prédio", afirma Brandão. "Mas o fato de o aeroporto afirmar a existência de uma brigada de incêndio que funciona 24 horas por dia é favorável." E continua: "Em nossas próximas visitas, vamos verificar se isso é verdade ou não."
Congonhas não tem sprinklers (chuveiros de teto que são acionados automaticamente em caso de incêndio) e tem forrações que favorecem a dispersão do fogo, como carpete no chão e divisórias de madeirite.
O Corpo de Bombeiros foi procurado para dar explicações e informa que não há documentos que mostrem que já houve, em algum momento, vistoria no aeroporto de Congonhas.
"Nossas fiscalizações são feitas mediante pedidos oficiais", afirma o major Nélson de Almeida, da divisão de atividades técnicas do Corpo de Bombeiros de São Paulo.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.