|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AEROPORTOS
Folha e Contru constatam irregularidades como falta de sinalização, extintores obstruídos e porta bloqueada
Irregularidade favorece fogo em Congonhas
RITA NAZARETH
da Reportagem Local
O aeroporto de Congonhas, em
São Paulo, tem irregularidades
que favorecem a ocorrência de incêndios e dificultam salvamentos e
o combate ao fogo.
As irregularidades foram constatadas em visita feita pela Folha
- acompanhada por um engenheiro do sindicato dos aeroviários- e confirmadas pelo Contru,
departamento da prefeitura paulistana que fiscaliza as condições
de segurança de edifícios.
Segundo Rubens Brandão, diretor do Contru, vistorias feitas na
sexta-feira passada e anteontem
apontaram "risco iminente" de incêndio no local.
Apesar disso, o órgâo -que
nunca vistoriou o aeroporto antes
do incêndio que destruiu o Santos
Dumont, no Rio- diz estar sobrecarregado pelo Carnaval e prometeu só para a próxima semana
um laudo oficial (leia abaixo).
A visita feita pela Folha constatou que há falta de sinalização das
rotas de fuga e da localização de
extintores no saguão do aeroporto. Na área de administração, no
segundo andar, há porta de emergência trancadas a chave.
Também foram encontrados extintores cujo acesso está obstruído
por cinzeiros (cinco casos) e por
cadeiras (dois casos). Há ainda
unidades sem adesivo em forma
de seta indicando sua localização e
setas que indicam lugares em que
não há extintor.
Em três locais, há unidades sem
lacre, o que causa incerteza quanto ao extintor estar ou não carregado.
Tudo isso contraria as normas
básicas de segurança do Contru.
Segundo o engenheiro Marcos Lemos, especialista em perícias judiciais que assessora o sindicato dos
aeroviários, esse é um procedimento totalmente irregular também de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho.
O Contru também detectou as
irregularidades. "Vimos tudo, mas
ainda não se pode falar em interdição do prédio", afirma Brandão.
"Mas o fato de o aeroporto afirmar
a existência de uma brigada de incêndio que funciona 24 horas por
dia é favorável." E continua: "Em
nossas próximas visitas, vamos
verificar se isso é verdade ou não."
Congonhas não tem sprinklers
(chuveiros de teto que são acionados automaticamente em caso de
incêndio) e tem forrações que favorecem a dispersão do fogo, como carpete no chão e divisórias de
madeirite.
O Corpo de Bombeiros foi procurado para dar explicações e informa que não há documentos
que mostrem que já houve, em algum momento, vistoria no aeroporto de Congonhas.
"Nossas fiscalizações são feitas
mediante pedidos oficiais", afirma
o major Nélson de Almeida, da divisão de atividades técnicas do
Corpo de Bombeiros de São Paulo.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|