São Paulo, quinta, 19 de fevereiro de 1998

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Polícias trocam acusações

da Reportagem Local

O comandante do CPTran, Antonio Carlos Rufino Freire, culpou o 27º DP por uma "possível" irregularidade no caso de Luciana Fontes Bonito.
"Se a leitura do bafômetro não era 0,6 grama de álcool por litro de sangue, o distrito não deveria ter aceitado a ocorrência. Se não havia motivo, eles não deveriam ter registrado nada", afirmou Freire.
Segundo ele, na noite de anteontem e na madrugada de ontem, 150 veículos foram vistoriados por quatro equipes do CPTran. A operação pretende fazer com que o novo código seja respeitado.
Além de Luciana, outra pessoa foi detida, segundo Freire. Mas, segundo o 27º DP, o CPTran encaminhou três pessoas por suposta embriaguez e abuso no trânsito na madrugada de ontem.
O delegado-titular Naief Saad Neto diz que, nesse caso, a menina foi levada por um policial militar e não pela delegacia. "A Polícia Civil só registrou o caso que um policial militar trouxe. Tanto é assim que nós não a indiciamos, apenas a qualificamos como "averiguada'."
Saad Neto afirma que, se for constatado que houve irregularidade, a própria polícia deve punir o policial que a realizou.
Segundo o juiz, Luciana pode entrar imediatamente com um pedido para anular qualquer registro do caso na polícia e ainda processar a "autoridade por danos morais". "Isso foi uma arbitrariedade."
Segundo ele, é questionável o uso do bafômetro para deter qualquer motorista. "Sabemos que a leitura do bafômetro é errada e pode subestimar o valor real, mas não sabemos quanto. É por isso que o código prevê que o Contran estabeleça os níveis do bafômetro."
Segundo ele, mesmo que o policial que deteve Luciana estivesse fazendo uma leitura rigorosa do bafômetro -de multiplicar por dois o resultado da medição- "ela ainda seria rigorosa demais e inválida".
"O dobro de 0,2 g/l é 0,4 g/l, e não 0,6 g/l. Na legislação européia, que já regulamentou os níveis do bafômetro, eles usam 0,8 g/l como o tolerável no exame de sangue e 0,4 g/l como o tolerável do bafômetro."
E acrescenta: "Esse caso é absolutamente absurdo".
(LM)


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