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Juiz proíbe preso de
ir à faculdade
MARIANA SGARIONI
da Agência Folha
O detento Enaldo Campelo, 24,
passou em nono lugar para o curso de história no vestibular da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Caruaru (PE), mas teve o
acesso às aulas impedido.
O juiz Mauro Alencar de Barros
-o mesmo que autorizou a participação de Campelo no vestibular
e também sua matrícula no curso
de história- foi quem negou a
permissão para assistir às aulas.
Até as 18h de ontem, Barros não
tinha sido localizado pela reportagem da Agência Folha.
"A autorização que o juiz concedeu para o vestibular foi no ano
passado, enquanto Campelo ainda
cursava o supletivo. Ele não esperava uma aprovação", afirmou
Guilherme Azevedo, gerente da
Penitenciária de Caruaru, onde
Campelo cumpre pena.
"Mas, depois da autorização para a matrícula, ficou implícito que
ele poderia frequentar o curso.
Ninguém esperava essa atitude",
disse Azevedo.
Segundo ele, a decisão de Barros
provocou, entre os próprios presos, a discussão sobre o papel do
sistema penitenciário no Brasil.
"Os detentos devem ser ressocializados. Com o exemplo de Campelo, muitos se animaram a voltar
a estudar."
Bom comportamento
Para a gerência da penitenciária,
Campelo tem um excelente comportamento. Ele trabalha na cadeia como auxiliar de enfermagem, professor de computação,
auxiliar de escritório e está disposto a dar aulas de supletivo aos colegas.
"Ainda tenho esperanças de poder frequentar a faculdade", disse
o preso, que, no ano passado,
prestou vestibular para odontologia, mas não passou. "Fiquei em
98º lugar, mas só havia 40 vagas",
disse.
Campelo está preso há cinco
anos, condenado a 16 anos de detenção por tentativa de latrocínio
(roubo seguido de morte).
Segundo Azevedo, a pena está
sendo revista no Supremo Tribunal de Justiça em Brasília, já que a
vítima de Campelo não morreu.
"Caso a pena seja revista, ele pode
ser solto a qualquer momento."
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