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Delegacia é vizinha de conjunto invadido
da Reportagem Local
Nem a proximidade do 50º Distrito Policial, que fica a 700 metros
do conjunto habitacional da
CDHU invadido ontem, impediu a
ação de cerca de 40 famílias do
Itaim Paulista que ocuparam apartamentos no local anteontem.
Foi a segunda invasão em menos
de três dias. Na segunda-feira, 22
famílias das redondezas haviam
ocupado um número igual de
apartamentos.
A Polícia Militar, ameaçando
chamar o Batalhão de Choque,
conseguiu que alguns imóveis fossem desocupados, e o saldo final
foram cerca de 50 imóveis que dependerão de ação judicial para serem desocupados.
O conjunto habitacional invadido, chamado de Q-2, ficou pronto
em agosto. Tem 720 apartamentos,
dos quais 160 não foram nem vendidos, e outros que, já vendidos,
não foram ocupados, segundo a
CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do
Estado de São Paulo).
Boa parte dos invasores está inscrita no programa de moradia popular do CDHU, mas não teve sorte no sorteio de apartamentos feito
pelo governador Mário Covas.
Dulce Aparecida Macedo da
Costa, 37, exibia, ontem, não só
sua ficha de inscrição no programa
como também uma ordem de despejo que vence no próximo sábado.
Ela deve R$ 1.556 para a proprietária da casa onde mora hoje com o
marido desempregado e três filhos, um deles doente mental. Dulce é diarista.
"Ontem (anteontem), quando
soube que tinham vindo invadir,
pensei: Sou uma azarada mesmo.
Nem para invadir eu sou chamada.
Vim para cá assim mesmo, e aí disseram que tinha um apartamento
que tinha sobrado, e eu entrei."
Dulce não levou nada, além do filho doente, para a nova moradia.
Sua mobília está na casa, à espera
do despejo.
"Eu não tenho dinheiro para fazer carreto, como é que eu vou fazer a mudança para depois ter que
sair de novo? Acho que isto aqui
não vai dar em nada, mas estou desesperada, vou ficar."
Enquanto não traz a mobília,
Dulce pretende ficar no apartamento invadido para provar que
está ocupando o imóvel. Nesse
meio tempo, não pode trabalhar.
(RV)
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