GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local

O número de mortos, feridos e de acidentes de trânsito registrados nas rodovias federais de todo o país aumentou no segundo ano de Carnaval com o novo Código de Trânsito Brasileiro.
Relatório do Departamento da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília (DF), revela que a violência nas rodovias se aproximou dos índices registrados em 97, um ano antes da implantação da nova legislação (veja quadro ao lado).
Segundo o relatório, o aumento da violência foi provocado por três fatores: a perda de eficiência da nova legislação -causada principalmente pela lentidão na punição dos infratores-, o aumento natural da frota nacional e a queda do número de policiais nas rodovias, o que prejudica a fiscalização.
O déficit é de quase 2.000 vagas em todo o país, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal.
No ano passado, o código foi apontado pelo governo federal como o principal responsável pela queda no número de acidentes (9,48%), feridos (24,86%) e mortos (36,17%) detectada na comparação com o Carnaval do ano anterior (97).
O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) destacou os números na época como o primeiro resultado prático do impacto causado pela nova lei, que trouxe multas de valores mais elevados e um sistema que atribui pontos às infrações, prevendo a suspensão da habilitação quando o motorista atinge 20 pontos.

Eficiência
O Denatran negou ontem que o aumento da violência tenha sido provocado pela perda de eficiência do código.
Para o departamento, os aumentos foram proporcionais ao crescimento da frota, que seria de 10% ao ano. Mas os números não mostram essa proporcionalidade.
Se forem levados em conta somente os feridos, por exemplo, já se nota a diferença.
O número de feridos aumentou 25,5% na comparação do Carnaval deste ano com o de 98, quando o código tinha um mês de existência. O aumento superou 15,5 pontos percentuais a média do crescimento anual da frota de veículos.
O levantamento do Departamento da Polícia Federal indica ainda que os acidentes ocorridos no Carnaval deste ano foram mais violentos do que em 98.
O total de acidentes cresceu 5,8% na comparação entre os dois períodos. O total de mortos, no entanto, subiu 12,5%. Foram 135 vítimas fatais no Carnaval.
O diretor do Denatran, Gidel Dantas, afirmou, por sua assessoria de imprensa, que houve um relaxamento dos motoristas devido ao afrouxamento da fiscalização.
"Com o tempo, o motorista começou a perder a memória e se esquecer do novo código. A vontade de correr foi mais forte do que o medo da lei", disse Zander Arruda, relações-públicas da Polícia Rodoviária Federal.

Aumento
Santa Catarina teve o maior crescimento no número de mortes registradas nas estradas federais de todo o país neste Carnaval.
O total de vítimas fatais aumentou de 9 para 17, de acordo com balanço do Departamento da Polícia Rodoviária Federal. Um crescimento de 88,8%.
Apesar de continuar liderando o ranking da violência das estradas federais nos números absolutos, a surpresa do balanço ficou por conta de Minas Gerais.
O Estado teve uma redução de 36% no número de mortes durante o Carnaval. No ano passado, morreram 25 pessoas. O número baixou para 16 em 99. Minas Gerais possui a maior malha de estradas federais do país.


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