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Juiz sabia que era "a bola da vez"
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE
A Promotoria de Justiça de Presidente Prudente e familiares do
juiz-corregedor Antonio José Machado Dias, 47, disseram ontem
que o magistrado, assassinado a
tiros na última sexta-feira, sabia
que era "a bola da vez" de facções
criminosas espalhadas pelos presídios do extremo oeste de SP.
Em meados do ano passado, segundo familiares do juiz, uma
blitz de rotina em um presídio da
região encontrou um caderno
com a seguinte anotação: "O sr.
Machado [Dias] é a bola da vez".
No final de semana, policiais já
haviam apreendido no gabinete
do magistrado uma carta em que
um preso o estaria ameaçando de
morte. Os primeiros indícios, de
acordo com os investigadores, são
de que a carta teria partido de algum integrante do PCC.
Segundo o secretário estadual
da Administração Penitenciária,
Nagashi Furukawa, há cerca de
seis meses, o juiz Dias havia comentado com ele que havia recebido ameaças. ""É uma coisa rotineira na nossa posição", afirmou,
dizendo não ter mais falado sobre
o assunto com Dias.
Além disso, o promotor de Justiça da cidade, Mário Coimbra,
afirmou ontem que as ameaças
recebidas por Dias nos últimos
meses eram a sua "grande preocupação". No mês passado, por
exemplo, houve tentativa de assalto à casa do juiz.
Apesar das ameaças, Dias dispensou a escolta da polícia na semana passada. "Pela função e pelo cargo que tinha, ele jamais poderia ter dispensado a escolta",
disse ontem o segurança João
Araújo, que nos últimos 13 anos
acompanhava todos os dias o juiz
assassinado de sua casa para o
trabalho e vice-versa.
Até agora, passados cinco dias
do assassinato de Dias, não há detidos nem sequer a revelação do
motivo do crime.
Familiares do juiz cobraram ontem a promessa do governo do
Estado de manter PMs de prontidão em frente à casa dele.
"Eles prometeram segurança 24
horas na porta de nossa casa, mas
ninguém vê nenhuma viatura por
aqui durante o dia ou à noite. Às
vezes eles [os policiais] passam,
mas logo vão embora", afirmou
ontem Geraldo Escher, 52, pai da
segunda mulher do juiz, a também juíza Cristina Escher.
Geraldo disse que sua filha quer
"viver a dor" da perda do marido.
"Ela não aceita remédio, não quer
ver médicos e também não se alimenta. Ela quer apenas viver a
dor", afirmou ele. Anteontem,
por volta das 9h, Cristina saiu de
sua casa sem ser vista e foi até o local do crime, onde se ajoelhou e
chorou a morte do marido.
"Ela só dorme de cansaço. Tem
chorado muito. Os familiares de
São Paulo pediram que ela não falasse mais sobre o caso, pois todos
já estão sofrendo demais", disse o
sogro do juiz assassinado.
(EDUARDO SCOLESE)
Colaborou a SUCURSAL DE BRASÍLIA
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