São Paulo, sábado, 19 de março de 2011

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Chácara do Jockey vai virar parque público

Prefeitura transformará propriedade de 151 mil metros quadrados, no Butantã, em área para a prática de esporte

Decreto de utilidade pública já foi publicado; Jockey tem dívida de IPTU avaliada em ao menos R$ 150 milhões

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Vista aérea da Chácara do Jockey, no Butantã (zona oeste); terreno de 151 mil metros quadrados será transformado em um parque pela prefeitura

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO

Um terreno de 151 mil metros quadrados, equivalente aos parques da Aclimação e Buenos Aires juntos, vai ser tomado do Jockey Club de São Paulo pela prefeitura para a criação de um parque voltado para o esporte, na Vila Sônia (zona oeste).
A desapropriação decorre da dívida de IPTU avaliada em ao menos R$ 150 milhões, além de pendências fiscais como multas por realização de eventos sem alvará e publicidade irregular.
"A decisão já está tomada. O terreno tem de virar um parque, é sua vocação", diz o secretário municipal de Esportes, Walter Feldman.
A proposta tem o aval do prefeito Gilberto Kassab (DEM) e um decreto de utilidade pública, que atesta o interesse da prefeitura no terreno, já foi publicado.
Com um processo de desapropriação em andamento na Justiça, a prefeitura ainda não sabe como será fechado o negócio: se fará um pagamento em juízo ou se trocará a dívida pelo terreno.
Procurado, o Jockey não quis falar sobre a decisão de desapropriar a chácara para a criação de um parque.
Na última terça-feira, o empresário Eduardo da Rocha Azevedo foi eleito novo presidente do Jockey para um mandato de três anos.

CONSTRUÇÃO
A ideia para transformar a área verde num parque surgiu depois de o Jockey anunciar, há dois anos, a construção de prédios com 648 apartamentos para angariar dinheiro e pagar a dívida.
Contrários à obra, os moradores se mobilizaram e ganharam apoio de professores da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), do Ministério Público e até da paróquia do bairro.
Num sermão, o padre Darci Bortolini convocou os fiéis e criou um abaixo-assinado, que em dois tempos conseguiu 2.000 adesões.
"Que construam prédios em outro lugar, não numa área verde. O trânsito não dá mais para andar, as avenidas estão saturadas. Com o metrô, o aluguel subiu muito e as casas estão todas à venda", diz o padre Darci.
"Adotei o tema do parque na disciplina de paisagismo na FAU. Os alunos estão criando projetos, que serão discutidos com os moradores e a prefeitura", afirma Fábio Mariz Gonçalves, professor de urbanismo da USP.
Segundo Gonçalves, morador do bairro, o terreno é a última área verde da região e importante para absorção da chuva e conter enchentes.
"Decidimos fazer uma mobilização na Vila Sônia. A discussão mais importante é a chácara. A questão é a especulação imobiliária que veio com o metrô e a operação urbana", diz o morador e antropólogo Pedro Guasco, da associação Rede Butantã de Entidades e Forças Sociais.
A intenção da prefeitura é criar uma escola técnica voltada para formação esportiva e instalar equipamentos urbanos para a prática de diversas atividades físicas.


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