São Paulo, quinta, 19 de março de 1998

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ADMINISTRAÇÃO
Presidente da associação de pais de alunos em escola particular é convidado para a Educação 12 horas antes da posse
Hebe Tolosa na Educação é surpresa da festa

da Reportagem Local

A única surpresa da festa armada ontem na prefeitura foi a posse de Hebe Tolosa na Secretaria da Educação, no lugar do deputado federal Ayres da Cunha (PFL), que deixa o cargo para tentar a reeleição.
Hebe Tolosa, presidente da Associação de Pais e Alunos de Escolas Particulares do Estado de São Paulo, diz que assume o cargo como técnica, não como política.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista da nova secretária à Folha. (MRH)

Folha - Como a senhora recebeu o convite para assumir o cargo?
Hebe Tolosa
- Surpresa, porque eu não sou política. Eu sou meramente uma pessoa que questiona o rumo da educação no Brasil. Então, foi com muita surpresa e preocupação que aceitei o cargo.
Folha - A sra. vai encontrar dois problemas básicos na secretaria: a falta de vagas, que levou a prefeitura a improvisar salas de madeira, e a não aplicação do índice obrigatório de 30% das receitas em educação. Como enfrentar isso?
Hebe
- Olha, eu vou começar a tomar ciência de novos problemas hoje. E a prioridade é a ausência de vagas para crianças. O primeiro passo será convidar as comunidades de bairro para saber onde falta vaga. Aí não importa onde vai se instalar a sala de aula, desde que se instale.
Folha - E a questão política?
Hebe
- Não sou política. Vou ouvir todos, mas me reservo o direito de trabalhar com técnicos, não com políticos. Eu sou educadora, não sou política.
Folha - Como foi o convite?
Hebe
- Ontem às 22h, dando como fato consumado. Até então eu não sabia de absolutamente nada. Fui tomada de surpresa.
Folha - Existe uma briga declarada entre as secretarias municipal e estadual da Educação. Como vai ser o seu relacionamento com a secretária Rose Neubauer?
Hebe
- Eu sou uma pessoa educada. Evidentemente vou tentar tratá-la com educação. Se a secretária não abrir mão do mutismo, paciência. São Paulo continua e as crianças vão pra escola do mesmo jeito.
Folha - A senhora já teve algum contato com ela?
Hebe
- Enquanto presidente da associação, apenas pedi audiências que foram negadas. Mas eu acho que esse fato é irrelevante. São Paulo está acima daqueles que governam.
Folha - A sra. diz com orgulho que não é política e passou da fase de molecagem. Como enfrentar os vereadores, então, que controlam as delegacias regionais de ensino e, se contrariados, ameaçam se rebelar contra a prefeitura?
Hebe
- Esse é um problema do prefeito, não meu. Se os vereadores se rebelam é problema dele. Eu não tenho nada com isso.




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