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Índio crê em fim do mundo
da Sucursal de Brasília
O incêndio em Roraima está
sendo interpretado pelos índios como prenúncio do fim
do mundo, diz Márcio Santilli,
ex-presidente da Funai (95/96)
e dirigente do Instituto Socioambiental (organização
não-governamental ligada ao
meio ambiente e assuntos indígenas na amazônia). Em entrevista à Folha, Santilli cobra
uma "operação de envergadura" para apagar o incêndio.
(LF)
Folha - Como é a situação dos
índios na região do incêndio?
Márcio Santilli - As informações que recebemos são
muito graves. Dão conta que o
fogo já avança cerca de 100 km
da área ianomâmi. Aldeias estão sendo cercadas pelo fogo.
Os ianomâmis reagem ao incêndio como se fosse um prenúncio do fim do mundo.
Não há água em muitas aldeias. Os animais de caça, as
roças e frutas não estão disponíveis. A situação da saúde era
grave, por causa da malária,
quando o problema aconteceu.
Não há precedente na história
do Brasil de uma queimada
dessa proporção.
Folha - O que o poder público
pode fazer?
Santilli - O poder público
está entrando atrasado ao
combate ao fogo. Agora é preciso uma operação de grande
envergadura para poder debelar os focos de incêndio. Também é preciso viabilizar água
para as populações locais possam se abastecer. Também são
necessárias linhas de crédito
para recompor a base produtiva destruída pelo incêndio.
Folha - Seria o caso de pedir
ajuda internacional?
Santilli -Se o governo se
considera sem os meios necessários, sim. Seja para obtenção
de recursos ou aporte técnico.
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