São Paulo, quinta, 19 de março de 1998

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Índio crê em fim do mundo

da Sucursal de Brasília

O incêndio em Roraima está sendo interpretado pelos índios como prenúncio do fim do mundo, diz Márcio Santilli, ex-presidente da Funai (95/96) e dirigente do Instituto Socioambiental (organização não-governamental ligada ao meio ambiente e assuntos indígenas na amazônia). Em entrevista à Folha, Santilli cobra uma "operação de envergadura" para apagar o incêndio. (LF)

Folha - Como é a situação dos índios na região do incêndio?
Márcio Santilli -
As informações que recebemos são muito graves. Dão conta que o fogo já avança cerca de 100 km da área ianomâmi. Aldeias estão sendo cercadas pelo fogo.
Os ianomâmis reagem ao incêndio como se fosse um prenúncio do fim do mundo.
Não há água em muitas aldeias. Os animais de caça, as roças e frutas não estão disponíveis. A situação da saúde era grave, por causa da malária, quando o problema aconteceu. Não há precedente na história do Brasil de uma queimada dessa proporção.
Folha - O que o poder público pode fazer?
Santilli -
O poder público está entrando atrasado ao combate ao fogo. Agora é preciso uma operação de grande envergadura para poder debelar os focos de incêndio. Também é preciso viabilizar água para as populações locais possam se abastecer. Também são necessárias linhas de crédito para recompor a base produtiva destruída pelo incêndio.
Folha - Seria o caso de pedir ajuda internacional?
Santilli -
Se o governo se considera sem os meios necessários, sim. Seja para obtenção de recursos ou aporte técnico.



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