|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Instituto é fechado pela Vigilância depois que 5 pessoas morreram supostamente por terem recebido sangue errado
Hemocentro de Recife sofre interdição
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O Ihene (Instituto de Hemoterapia do Nordeste), de Recife, foi
interditado anteontem à noite pela Vigilância Sanitária de Pernambuco e pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária. Cinco pessoas podem ter morrido em consequência de transfusões feitas
com sangue supostamente incompatível que teria sido fornecido pelo instituto.
Entre 28 de dezembro e 29 de janeiro, 51 transfusões em 30 pacientes foram feitas com sangue
de tipagem errada.
As transfusões ocorreram em
hospitais da região metropolitana
de Recife. Os pacientes receberam
transfusões com tipo sanguíneo
diferente do que precisavam.
O secretário estadual da Saúde,
Guilherme Robalinho, disse que
"ainda é cedo" para afirmar que
as mortes foram provocadas pelas
transfusões.
"Temos de ver que esses pacientes estavam doentes e podem ter
morrido em consequência dessas
doenças."
Uma equipe de médicos e hematologistas (especialistas em
sangue) será formada para investigar se há relação entre as mortes
e as transfusões -entendidas como irregulares pela Vigilância Sanitária.
Ao decidir interditar o Ihene, a
agência nacional, ligada ao Ministério da Saúde, concluiu que o instituto tinha "total descontrole do
processo produtivo de sangue e
de hemocomponentes".
As transfusões de maior risco
foram feitas entre doadores A positivo e pacientes A negativo e entre um doador AB negativo e um
paciente O positivo.
De acordo com o relatório da
Vigilância, quando um paciente
O positivo recebe sangue de um
doador AB negativo, as reações
vão de distúrbio de coagulação e
insuficiência renal até a morte.
No mesmo relatório, a Vigilância Sanitária do Estado informa
que a doação de sangue A positivo
para paciente A negativo resulta
em aloimunização (perda da imunidade). Um dos pacientes mortos se enquadrava nesse caso.
A hematologista do Hemope
(Hemocentro de Pernambuco)
Silvana Carneiro Leão disse que,
dependendo do tipo de troca de
sangue, as reações podem ser leves ou graves.
Segundo Silvana, o organismo
do paciente pode passar por um
processo de destruição das hemácias dentro ou fora dos vasos sanguíneos. As hemácias são responsáveis pela oxigenação do organismo.
Troca de rótulos
Jaime Brito, diretor da Vigilância Sanitária de Pernambuco, informou que há evidências de que
teria havido troca nos rótulos de
bolsas de sangue do Ihene.
As investigações, que ocorreram de 13 de março ao início desta
semana, começaram após a ocorrência de telefonemas anônimos
feitos para a Vigilância Sanitária,
informando que seria costumeiro
no Ihene fazer as substituições
dos rótulos das bolsas de sangue
coletado.
O secretário Guilherme Robalinho disse que a interdição do instituto não vai prejudicar as transfusões no Estado. "É raro estarmos com estoque zerado. Há reserva técnica e estratégica para
cobrir a demanda", garantiu.
Texto Anterior: Ex-arcebispo da Igreja Anglicana morre aos 90 anos Próximo Texto: Diretor nega troca de rótulos das bolsas Índice
|