São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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SEGURANÇA

Armeiro é preso em flagrante com fuzil AR-15, revólveres e pistolas com numeração raspada em oficina na zona leste

Polícia apreende armas da polícia em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Um armeiro que consertava pistolas e até fuzis para policiais de São Paulo foi preso anteontem, em sua oficina, na zona oeste da capital, com quatro armas de numeração raspada e seis silenciadores -artefato proibido a civis.
Na local, policiais militares apreenderam ainda 25 armas, entre elas três fuzis, além de peças, diversas munições e cartuchos que poderiam ser recarregados.
A maioria do armamento é da própria polícia ou particular, de policiais civis e militares, segundo o delegado do 7º DP (Lapa), Antonio Carlos Menezes Barbosa, responsável pelo inquérito.
O dono da oficina, Osnir Marques de Oliveira, 47, que estava com a licença de armeiro expedida pelo Exército vencida desde dezembro, foi preso em flagrante por porte ilegal de armas.
A Folha apurou que policiais civis e militares estão sendo investigados por suposto envolvimento com a venda de armas que teriam passado por essa oficina.
A PM disse ter chegado a ele investigando uma denúncia anônima sobre um fuzil AR-15 que estaria tendo sua numeração adulterada. Toda arma tem um número, como os carros têm no chassi, que serve para controle e fiscalização.
Com um mandado de busca e apreensão em mãos, assinado pelo juiz Maurício Lemos Porto Alves, os policiais entraram na oficina no final da tarde de anteontem, na região da Lapa (zona oeste).
O corpo do fuzil foi apreendido, desmontado, com a numeração apagada por solda, mas Oliveira disse à polícia que desconhecia a origem do artefato encontrado em sua oficina. Segundo ele, a carcaça seria de seu ex-sócio, assassinado há um ano, em um roubo.

Defesa
Ontem, o advogado do armeiro, Ricardo Fleck, 37, estava reunindo documentos das armas apreendidas com a ajuda de policiais e colecionadores, clientes da oficina, para entrar com pedido de relaxamento da prisão. Assim, Oliveira poderia ficar em liberdade durante a fase de inquérito.
"Vamos mostrar que as armas não são ilegais e estavam lá para conserto", diz. Por lei, também é irregular ter armamento com número raspado.
De acordo com Fleck, o armeiro trabalha no ramo faz 20 anos, na capital. "Depois que o sócio morreu, ele abriu outra empresa por causa de problemas com o inventário e está conseguindo agora a licença do Exército, que é demorada", diz o advogado. As armas foram enviadas para perícia no Instituto de Criminalística.




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